Estimado leitor, antes de enveredar pelo conteúdo propriamente dito deste post quero salientar que o título reflecte apenas uma sugestão, relativamente à qual as pessoas poderiam sentir mais abertura; nunca uma imposição. Adoptar em vez de procriar nunca foi uma imposição e nunca o deverá ser, pois como seres humanos livres é a nós que nos cabe a decisão de como pretendemos viver; no entanto, acredito que devemos fazê-lo sempre de forma informada, sem perder o foco do que realmente importa em termos humanos e sem esquecer que vivemos em sociedade.
Assim sendo, o meu objectivo será apenas o de sensibilizar para o que importa verdadeiramente quando falamos de filhos, em consonância com as necessidades reais: em termos globais – problemas inerentes à sobrepopulação mundial, onde os refugiados e as crianças institucionalizadas detêm um grande número, gestão de recursos ambientais, crescente poluição …; bem como em termos individuais - o que importa realmente são os afectos (sempre o foi, sempre será) e partilhar o mesmo sangue não é requisito necessário para quem ama, educa e cria; o único requisito necessário é a vontade genuína para o fazer.
Como é óbvio, uma coisa é informar as pessoas relativamente à sobrepopulação humana e ter filhos, fazer imposições é outra: a primeira é o caminho que devemos seguir. Considero responsável não fazer bebés desnecessariamente (quando já há tantas crianças necessitadas de uma família), mas impô-lo seria cruel.
A sobrepopulação humana teve início com a revolução industrial e, hoje, assistimos a uma explosão demográfica. Basta notar que em 1950 existiam 2,5 biliões de pessoas e que em 2000 já havia mais de 6 biliões de humanos no planeta. Como agravante, temos o facto da população se distribuir de forma díspar pelo globo, visto que 75% da população mundial se encontra nos países em vias de desenvolvimento (países pobres onde dominam a fome, doenças e falta de planeamento familiar, o que se associa facilmente a uma escassez de informação). De acordo com as projecções da ONU (Organização das Nações Unidas), esta explosão demográfica alcançará os 9,2 biliões de habitantes em 2050. Neste sentido, a ONU apela para a necessidade das comunidades elaborarem programas de sensibilização para o abrandamento do crescimento populacional, assim como criarem mais programas de planeamento familiar.
Neste sentido, penso que as pessoas podem escolher quantos filhos querem e como, mas para isso devem fazê-lo sem olhar apenas para os seus motivos “egoístas” de “egocentrismo sanguíneo” (coloco egoístas entre aspas porque não quero ferir susceptibilidades e tenho plena noção de que educar uma criança, seja biológica ou adoptada, exige sempre uma elevada dose de altruísmo a vários níveis). Na minha opinião, os esforços que hoje se verificam para melhorar as tecnologias que permitem ter filhos biológicos deveriam ser transformados em esforços de informação sobre o que realmente interessa em termos humanos (o afecto), das necessidades sociais reais (crianças necessitadas de um lar, desconstrução de alguns mitos ligados à adopção e à contracepção, entre outros). Se formos realistas, as empresas que desenvolvem métodos de procriação e fertilidade artificial têm, muitas vezes, o foco no dinheiro que lucram com isso, não estando preocupadas com as questões sociais e humanas básicas. Se olharmos para as necessidades reais, constatámos que a adopção é uma escolha mais responsável que a procriação.
Ao invés de gastar anos e dinheiro em tratamentos artificiais a tentar engravidar, porque não se há-de abrir o coração ao amor parental incondicional (sem limites sanguíneos e genéticos) e canalizar esse investimento temporal e monetário, adoptando e ajudando quem já existe e precisa?
Com efeito, o impacto ambiental e social da sobrepopulação (poluição, fome, doenças, aumento da criminalidade, …) poderia ser reduzido se, enquanto aldeia global (assim se chama ao mundo, actualmente), todos nós concentrássemos as nossas capacidades na erradicação da pobreza extrema, bem como na erradicação da ignorância.
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