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quarta-feira, 16 de junho de 2010

A Balofice Política

De acordo com o Jornal Público, o Presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, ao abrigo do seu distinta e sapiente livre arbítrio e do Estatuto Político-Administrativo da Madeira, não irá respeitar a redução em cinco por cento dos salários dos governantes, deputados e gestores públicos, medida essa que se encontrava definida no Pacto de Estabilidade e Crescimento. Segundo noticia o mesmo jornal, sua excelência declarou-se “contra a utilização dos salários dos políticos para medidas demagógicas, sem qualquer reflexo para a comunidade”. Ainda escudado no dito Estatuto, Alberto João Jardim e Miguel Mendonça acumulam a remuneração pelo exercício da presidência do governo regional com a respectiva reforma da função pública, ao contrário do que é feito a nível nacional, uma vez que, desde 2005, não é permitido acumular a remuneração por inteiro com um terço do valor da reforma ou vice-versa.

Os portugueses assistiram, comovidos, à onda de solidariedade que foi erguida para ajudar a Madeira quando a ilha atlântica foi afectada por um temporal em Fevereiro que provocou fortes danos patrimoniais. Os portugueses assistiram, comovidos, a um Alberto João Jardim, lamuriando, de olhos avermelhados, o nariz respigando de ranho, a voz trémula, agradecendo, emocionado e piegas, a ajuda vinda do Continente. João Jardim, grato e enternecido, prometeu uma nova era de felicidade eterna com o Continente. No entanto, passada a postiça aura de ternura, assistimos ao renascimento da lustrosa careca do Dr. João Jardim. E que lustrosa careca é essa? Ora, a verdade é que Alberto João Jardim é um daqueles gordos inverosímeis que se senta à mesa do Orçamento Público e se delicia com o banquete, devorando, gulosa e constantemente, esse belo porco que toma por nome – dinheiro dos contribuintes.

O Dr. Alberto João Jardim é o exemplo do trajecto do político português. O político português, na sua tenra idade, começa por ser um político de bochechas chupadas, de fisionomia esgrouviada. Com o decorrer do tempo, e com o devir dos anos em São Bento, os ares são fecundos à balofice que se traduz na dilatação das bochechas, no desaparecimento da maçã-de-adão, na verosimilhança entre o peito do deputado e o seio voluptuoso duma senhora, a proeminência da barriga, o inchamento das nádegas e as coxas roliças. Nessa altura, o político, findo o seu trajecto, tornado uma bola de carne, está pronto a sair do galinheiro e a ser adquirido no talho sob a forma de frango a 4 euros o quilo.

Alberto João Jardim por ser um desses gordos inverosímeis não consegue alcançar mais do que o território imenso e vasto que é a sua barriga. Tudo o que se dispõe para além dessa sua barriga é território novo e desconhecido, por isso, sua excelência não vê motivo para a demagogia de descer o salário de sua excelência e das suas comadres em 5%. Além do mais, queira o Dr. Alberto João Jardim notar como o seu conhecimento é, lamentavelmente, curto – V. Ex.ª nem sequer conhece as suas unhas dos pés!...Desde que a sua barriga começou, proeminentemente, a aumentar, V. Ex.ª deixou, simplesmente de as ver. E não as vê porque um terrível mamarracho, provocado pelo sedentarismo político, obsta a que o Dr. as veja. Uma vez que os sentidos e, nomeadamente a visão, são uma espécie de primeira etapa do conhecimento, como procederá sua excelência para outras realidades mais complexas e abstractas se nem sequer conhece essa simples realidade que são as suas unhas dos pés? Se sua excelência não compreende com a intuição como pretende compreender com a razão?

O Dr. Alberto João Jardim é o exemplo da primeira lei de Newton – “Todo o corpo continua no seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha recta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre ele”. Neste caso, esta primeira lei é aplicado ao Dr. João Jardim e às suas comadres. Estas senão fosse a acção dessa grande força encarnada na pessoa do Dr. Jardim e na sua barriga cairiam, irreversivelmente, que nem um fardo. Acontece que devido à enorme massa do Dr. Jardim, esses fardos são atraídos pela sua força, evitando a sua queda, orbitando como moscas varejeiras, em torno da cintura de Sua Excelência. E, assim, dirigimos a V. Ex.ª um bonito elogio – o Dr. Jardim é essa força!

É, neste sentido, que para sua excelência o seu umbigo é o Mundo visto que é a única realidade que conhece. Aliás, para sua excelência Copérnico é uma ignorante besta – A Terra não gira em volta do Sol: a Terra gira em torno desse Sol: o umbigo de V. Ex.ª. O pudor impede-nos, no entanto, de alongarmos uma eventual descrição do umbigo de V. Ex.ª e, por isso, timidamente, colocamos o véu, quiçá, a burqa da ingenuidade.

Contrastando, no entanto, com o exemplo que é dado pelo Dr. Alberto João Jardim, o eurodeputado do Bloco de Esquerda Rui Tavares, decidiu retirar 1500 euros do seu próprio ordenado parlamentar para atribuir bolsas. Ao deputado Rui Tavares os nossos parabéns pelo seu belo exemplo e que outros deputados coloquem os seus lindos olhos nestes nobres gestos ao invés de olharem, exclusivamente, para a sua barriga.

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