Este post poderia ter um tom muito irónico, com recurso a citações da Herman Enciclopédia, programa no qual temos um doutoramento. No entanto a gerência optou por um registo mais sério. Mas fica o aviso – podia ter sido uma galhofice!
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Portugal viveu no Século XX cerca de 40 anos com apenas uma espécie de partido político – a União Nacional. Depois veio a revolução de Abril e com ela o PREC.E foi nos loucos anos do PREC que muitos partidos políticos nasceram. E eram às dúzias – a LCI, UDP, PDC, AOC, FEC m-l, PUP, GDUP, MUT e sei lá mais o quê.
Passados aqueles tempos mais conturbados, a democracia amadureceu e o espectro político começou a estabilizar. Muitos partidos extinguiram-se, e os que existem, tem grosso modo mantido o seu lugar na sociedade – é claro que houve episódios como o do MEP, mas creio que se tratou de uma posição pontual.
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Portugal viveu no Século XX cerca de 40 anos com apenas uma espécie de partido político – a União Nacional. Depois veio a revolução de Abril e com ela o PREC.E foi nos loucos anos do PREC que muitos partidos políticos nasceram. E eram às dúzias – a LCI, UDP, PDC, AOC, FEC m-l, PUP, GDUP, MUT e sei lá mais o quê.
Passados aqueles tempos mais conturbados, a democracia amadureceu e o espectro político começou a estabilizar. Muitos partidos extinguiram-se, e os que existem, tem grosso modo mantido o seu lugar na sociedade – é claro que houve episódios como o do MEP, mas creio que se tratou de uma posição pontual.
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Mas eis que somos chegados ao ano da Graça de 2010 e um novo partido se avizinha: o Partido do Norte (não estamos a falar de nenhum sketch da Herman Enciclopédia). O leitor veja aqui: http://pelonorte.blogspot.com/ .
Mas eis que somos chegados ao ano da Graça de 2010 e um novo partido se avizinha: o Partido do Norte (não estamos a falar de nenhum sketch da Herman Enciclopédia). O leitor veja aqui: http://pelonorte.blogspot.com/ .
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O que aqui chama a atenção é o seguinte: este movimento a ter sucesso (e por sucesso entenda-se conseguir eleger um ou dois deputados nos próximos anos) poderá criar um novo movimento partidário na política portuguesa: os partidos regionais.
O que aqui chama a atenção é o seguinte: este movimento a ter sucesso (e por sucesso entenda-se conseguir eleger um ou dois deputados nos próximos anos) poderá criar um novo movimento partidário na política portuguesa: os partidos regionais.
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Este movimento surge numa região que é uma sombra do que já foi: desemprego elevado, a antiga burguesia depauperada, a cidade deserta, a indústria que movia o país parada, as elites em fuga. O leitor confie em quem passa os seus dias perto do mercado do Bolhão (haverá Porto mais Porto que este?) – a cidade invicta, e a sua área metropolitana está em franca decadência e a braços com uma gravíssima crise social.
Talvez uma regionalização feita há dez ou vinte anos atrás pudesse ter evitado esta tendência – não o sabemos. Sabemos apenas que nada de relevante foi feito pela classe política, que tem os seus interesses centralizados na Capital, tanto hoje, como estavam no século XIX.
Todo o investimento público tem sido orientado para obras públicas que esquecem o norte. O Porto é descriminado por não ser Lisboa e não é ajudado por ser litoral. Nas últimas décadas poucos investimentos têm feito algo pelo norte – apenas o metropolitano dá um ar de interesse. Tirando estádios de futebol e salas para concertos, a região norte não conhece um investimento decente em muitos anos. Mas também não pode o Porto justificar-se com tal comportamento da classe política: a força da Cidade Invicta residiu sempre na independência das suas gentes em relação aos dirigentes do país. Era a sua burguesia liberal e empreendedora que fazia pulsar a urbe e a fazia andar mais depressa que o país – porque o investimento privado gera mais receita que o público. Porém, nas últimas décadas, o norte nem teve líderes, nem teve burgueses capazes de aplicar os fundos europeus. O actual executivo pouco pode fazer depois de anos de governo despesista e desorientado. O município não tem dinheiro, a cidade não tem burguesia, o povo não tem trabalho.
Este movimento surge numa região que é uma sombra do que já foi: desemprego elevado, a antiga burguesia depauperada, a cidade deserta, a indústria que movia o país parada, as elites em fuga. O leitor confie em quem passa os seus dias perto do mercado do Bolhão (haverá Porto mais Porto que este?) – a cidade invicta, e a sua área metropolitana está em franca decadência e a braços com uma gravíssima crise social.
Talvez uma regionalização feita há dez ou vinte anos atrás pudesse ter evitado esta tendência – não o sabemos. Sabemos apenas que nada de relevante foi feito pela classe política, que tem os seus interesses centralizados na Capital, tanto hoje, como estavam no século XIX.
Todo o investimento público tem sido orientado para obras públicas que esquecem o norte. O Porto é descriminado por não ser Lisboa e não é ajudado por ser litoral. Nas últimas décadas poucos investimentos têm feito algo pelo norte – apenas o metropolitano dá um ar de interesse. Tirando estádios de futebol e salas para concertos, a região norte não conhece um investimento decente em muitos anos. Mas também não pode o Porto justificar-se com tal comportamento da classe política: a força da Cidade Invicta residiu sempre na independência das suas gentes em relação aos dirigentes do país. Era a sua burguesia liberal e empreendedora que fazia pulsar a urbe e a fazia andar mais depressa que o país – porque o investimento privado gera mais receita que o público. Porém, nas últimas décadas, o norte nem teve líderes, nem teve burgueses capazes de aplicar os fundos europeus. O actual executivo pouco pode fazer depois de anos de governo despesista e desorientado. O município não tem dinheiro, a cidade não tem burguesia, o povo não tem trabalho.
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Tal é o estado actual daquela que foi a região que mais produzia no país e onde se fazia a riqueza – era uma cidade atlântica no meio de um país mediterrâneo. Por culpa própria e ainda por maior culpa das classes dirigentes centralizadoras e sulistas, o Grande Porto definhou, encolheu, empobreceu, emudeceu e corre um sério risco de nunca mais recuperar…
Tal é o diagnóstico da melhor região que conhecemos. Agora apresentam-lhe uma cura: um partido regional que lute pelos seus interesses – resultará?
Tal é o estado actual daquela que foi a região que mais produzia no país e onde se fazia a riqueza – era uma cidade atlântica no meio de um país mediterrâneo. Por culpa própria e ainda por maior culpa das classes dirigentes centralizadoras e sulistas, o Grande Porto definhou, encolheu, empobreceu, emudeceu e corre um sério risco de nunca mais recuperar…
Tal é o diagnóstico da melhor região que conhecemos. Agora apresentam-lhe uma cura: um partido regional que lute pelos seus interesses – resultará?
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As SCUTS serão a primeira prova de fogo para este movimento – será capaz de mobilizar a população? Porque é mesmo isso que o Norte precisa: de liderança, melhor de auto-liderança. O Porto se não for liberal e progressista definha – o Estado e o gabinete são em Lisboa, o capital e a linha de produção costumavam ser no Porto.
As SCUTS serão a primeira prova de fogo para este movimento – será capaz de mobilizar a população? Porque é mesmo isso que o Norte precisa: de liderança, melhor de auto-liderança. O Porto se não for liberal e progressista definha – o Estado e o gabinete são em Lisboa, o capital e a linha de produção costumavam ser no Porto.
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O Partido do Norte foi recebido com cepticismo n’ este Opinador. Mas esperamos estar enganados pelo bem da região, carago! Concluímos com uma citação da Herman Enciclopédia (se não sabe do que se fala carregue aqui):
O Partido do Norte foi recebido com cepticismo n’ este Opinador. Mas esperamos estar enganados pelo bem da região, carago! Concluímos com uma citação da Herman Enciclopédia (se não sabe do que se fala carregue aqui):
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O Senhor Bispo de Braga é que tem razão! Isto quando o bicho dá, tanto dá nos homens, como nos animais, como dá nas leguminosas. Ainda hoje de manhã, estive na minha horta e eram as couves tronchudas…
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O Porto apanhou o bicho… Será que o Partido do Norte fará o Porto voltar para trás?
O Porto apanhou o bicho… Será que o Partido do Norte fará o Porto voltar para trás?
1 comentário:
há um ponto que o excelso lord s esqueceu de abordar: partido do norte é diferente de partido do porto. o porto está mal, mas continua a ser o porto. se não cresce, se não faz auto-suficiente, terá decerto mais culpas no cartório do que a esquecida e marginalizada região de trás-os-montes, o promovido a postal turístico alto-douro, o paupérrimo vale do sousa, etc.
encontrando-me eu entre o céptico e o ansioso, há algo que para mim é certo: se o partido do norte for o porto, da mesma forma que portugal é lisboa, então é um fiasco à partida, um vira-o-disco e toca o mesmo.
PS: não consigo adicionar o vosso blog á lista blogroll do meu. será que é algum problema com as definições?
PPS: e juntar a aplicação de follow? era giro ;)
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