Por estes dias muito se fala dos Festivais de Verão, evento capaz de mover multidões sedentas de diversão e música de todos os cantos do país. Reúnem-se em grupos e seguem em marcha, quase sempre lenta, cambaleando e tropeçando uns nos outros, num rito capaz de fazer inveja a muitos pinguins imperadores na época alta da sua marcha pelo árctico, percorrendo metros e metros de filas intermináveis. Acotovelam-se e empurram-se na procura incessante de alimento e álcool disputando recursos aparentemente infindáveis. E no meio desta amálgama de seres-humanos onde tudo vale para conseguir o melhor lugar no seio da multidão quem se lixa, como sempre, aliás, é o pequeno e, desta vez entendido no sentido literal da palavra.
Para quem, como eu, não alcança a meta do metro e setenta de altura, decerto compreenderá o que se sofre nesta espécie de concentrações em que se pretende que a atenção esteja focada num ponto relativamente acima do nível do chão. E ali estamos nós, votados ao esquecimento quando toda a gente rejubila com aquilo que apenas ouvimos e nos vamos apercebendo à medida que pequenas e breves brechas nos abrem caminho visual para os ecrãs mais ou menos gigantes que os senhores da organização destes festins já fazem a gentileza de instalar dos lados dos palcos.
E haverá coisa mais insuportável quando, ao nosso redor, todos aqueles matulões que, não sendo muito altos já nos fazem espécie, começam a rir e a comentar:
- Ahahah!! Altamente!!....o gajo é mesmo doido!
E nós, pequenos, mas ainda assim relevantes seres começamos aos pulinhos e a empinar-mo-nos na ponta dos pés soltando inaudíveis:
- O quê? O que é que ele fez??
E ninguém nos ouve...
A par disto e, se apreciarmos música mais propícia a esse rito tribal que actualmente é conhecido por mosh, passamos outro mau bocado que é o inevitável e abalável encontrão de força bruta que indivíduos a pulsar de emoção e testosterona decidem pregar em quem está à sua volta indiscriminadamente. Com isto somos projectados sem pedir a ninguém contra um outro alguém que, muito provavelmente, nem estava interessado em alinhar na respectiva dança.
No fim de tudo isto, moídos de tanto contacto físico, com dores nas costas de passar horas em pé e em constante sobressalto à procura do melhor ângulo para vislumbrar qualquer coisinha lá à frente no palco e nos protegermos do mosh, regressamos ao ritual de saída, sofrendo um pouco mais de encontrões e safanões na ânsia de chegar ao fim da linha para sair do recinto.
E isto, senhoras e senhores, é o Festival dos Pequeninos.
Para quem, como eu, não alcança a meta do metro e setenta de altura, decerto compreenderá o que se sofre nesta espécie de concentrações em que se pretende que a atenção esteja focada num ponto relativamente acima do nível do chão. E ali estamos nós, votados ao esquecimento quando toda a gente rejubila com aquilo que apenas ouvimos e nos vamos apercebendo à medida que pequenas e breves brechas nos abrem caminho visual para os ecrãs mais ou menos gigantes que os senhores da organização destes festins já fazem a gentileza de instalar dos lados dos palcos.
E haverá coisa mais insuportável quando, ao nosso redor, todos aqueles matulões que, não sendo muito altos já nos fazem espécie, começam a rir e a comentar:
- Ahahah!! Altamente!!....o gajo é mesmo doido!
E nós, pequenos, mas ainda assim relevantes seres começamos aos pulinhos e a empinar-mo-nos na ponta dos pés soltando inaudíveis:
- O quê? O que é que ele fez??
E ninguém nos ouve...
A par disto e, se apreciarmos música mais propícia a esse rito tribal que actualmente é conhecido por mosh, passamos outro mau bocado que é o inevitável e abalável encontrão de força bruta que indivíduos a pulsar de emoção e testosterona decidem pregar em quem está à sua volta indiscriminadamente. Com isto somos projectados sem pedir a ninguém contra um outro alguém que, muito provavelmente, nem estava interessado em alinhar na respectiva dança.
No fim de tudo isto, moídos de tanto contacto físico, com dores nas costas de passar horas em pé e em constante sobressalto à procura do melhor ângulo para vislumbrar qualquer coisinha lá à frente no palco e nos protegermos do mosh, regressamos ao ritual de saída, sofrendo um pouco mais de encontrões e safanões na ânsia de chegar ao fim da linha para sair do recinto.
E isto, senhoras e senhores, é o Festival dos Pequeninos.
1 comentário:
só sei que acho que há sempre uma convocatória de todas as pessoas gigantes para estas coisas. eu cá acho que nestas coisas era lugares sentados e leques como na ópera.
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