Desde que iniciei esta prática semanal de escrita a que, relaxadamente, aderi em conjunto com os meus caríssimos colegas opinadores, tenho estado sujeita a um dos mais enervantes costumes do jornalismo: os desmentidos. Esses senhores, jornalistas, têm o poder de me levar do entusiasmo descontrolado à apatia e desilusão depressiva em escassos minutos.
Em Abril, naquele dia de júbilo para a Ciência e Tecnologia mundiais, em que se aceleraram partículas como se não houvesse amanhã, houve alegadamente quem temesse pelo planeta e corresse, do futuro, para alertar os Homens sobre o risco que poderiam, eventualmente, correr se a experiência desse para o torto. Tivesse eu o espírito jornalístico apurado a contrariar a minha tendência natural para a ingenuidade e depressa teria estranhado a notícia e tido o cuidado de atender ao dia da sua publicação – 1 de Abril (o maldito dia das mentiras). Depressa me apercebi, após uma breve pesquisa sobre mais detalhes acerca do sucedido, que não passava de uma brincadeira! Mergulhei em tamanha tristeza por não poder trazer ao vosso conhecimento tão interessante episódio, que ainda hoje me tento recuperar.
Mas a minha sina é mesmo esta e, quando estamos talhados pelo destino a sofrer pequenas desilusões diárias, não há nada que contrarie esse fado. No passado dia 28, enquanto assistia ao entediante espectáculo do desfile de horas ao longo de uma das muitas intermináveis tardes da minha vida, surge a bombástica notícia de que a ONU tinha considerado a criação de um gabinete encarregado da resposta a um hipotético contacto alienígena, com um responsável directo para responder perante estes, caso fosse necessário dar-lhes ao conhecimento o “líder” do planeta Terra, tal como se vê nos filmes: “Levem-nos ao vosso líder!”. Uma vez mais alegria, animação, dezenas e dezenas de perguntas e fábulas se criaram na minha fértil imaginação para que, sem aviso prévio, com a força de uma machadada num pequeno e frágil bombeador de sangue repleto de felicidade, viessem esses pregadores do submundo arrancar o doce da mão do bebé e: desmentir a notícia. Afinal, ninguém vai ser preparado para comunicar directamente com os imagináveis habitantes de outros planetas, apesar de, ainda assim, a ONU ser reconhecida enquanto entidade melhor indicada para uma resposta adequada a esse contacto, se um dia realmente acontecer.
Insatisfeito este mundo cruel, com as desilusões que já me tinha provocado, enquanto actualizava os meus conhecimentos na área do espectáculo e variedades, eis que leio o seguinte título: MGMT: baterista abandona palco depois de ser atingido com urina. Pensei eu, uma vez mais, que tinha a coluna de segunda-feira salva, que iria poder dissecar todas as novas práticas a que os fãs, nos últimos tempos, recorrem para saudar e revelar o seu apreço pelos ídolos musicais da sua eleição. Claro que isto seria num universo paralelo onde não existisse um competente jornalista, permanentemente de pena em riste, pronto a repor a verdade: MGMT desmentem incidente com urina e falta de liberdade.
Dizei-me, caros amigos, se não é isto algo que arruína a vida de um opinador? Não será viver num constante estado de ansiedade e incerteza? Está visto que não há sossego na alma de alguém parco de cepticismo.
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