A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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sábado, 23 de outubro de 2010

A aprovação do Orçamento do Estado

Estimado leitor,

Big Brother is watching us. Esta frase de inspiração orwelliana significa que os mercados estão aos acontecimentos que se desenrolam por Portugal. E porquê? Porque o Financial Times, essa Bíblia desses fiéis capitalistas sem coração destaca o ambiente de incerteza e instabilidade que se vive em Portugal. Vamos por partes.
Incerteza porque o objectivo 7,3% de défice público em 2010 ainda não está seguro! E isto mesmo tendo em conta o fundo de pensões da PT de 2600 milhões de euros! Em Setembro – em Setembro de 2010, caro leitor! – o défice público, considerando o mesmo período do ano anterior, evoluiu, inchou, enfardou 200 milhões de euros! 200 milhões de patacos! Enfardou! Em nove meses sempre enfardando! Quando o défice deveria descer de 9,4% do PIB para 7,3% do PIB! Com dois Programas de Estabilidade e Crescimento pelo meio! Como é possível, Eng. José Sócrates? Como se dá V. Ex.ª ao descaramento de dizer que a despesa pública está controlada, se ela enfardou 200 milhões de euros? Como se V. Ex.ª nem é capaz de controlar o orçamento de dois euros para a merenda dos seus filhos? Nós somos a chacota da Europa, V. Ex.ª! E dizemos isto com um pesar, V. Ex.ª! Porventura não escuta V. Ex.ª as risadinhas jocosas da Sra. Merkel sempre que chega ao Conselho Europeu?
E pior, V. Ex.ª! Há mais! Não bastava V. Ex.ª, mas o seu parceiro do tango aninha-se com V. Ex.ª! Com efeito, o Sr. Passos Coelho tem contribuído para o clima de instabilidade política que se vive em Portugal. Com certeza que o Eng. Sócrates tem a principal responsabilidade pela actual situação que atravessamos e estamos de acordo com a exigência do PSD de que se revele de uma forma clara e transparente o que sucedeu com o primeiro e segundo PEC. Acaso foram levados pelo vento? Acaso alguém surripiou os escritos do PEC? Acaso se esqueceram de marcar com um «X» o local do tesouro? Ninguém sabe…Acreditamos sinceramente que mesmo o próprio Governo não sabe. Mas tudo isto se resume neste momento a uma simples coisa: tomar a melhor opção para Portugal. E nisso, estimado leitor, o PSD está a prejudicar Portugal! Portugal, repetimos! Tome o leitor atenção nas nossas palavras – Portugal! Não olhamos aqui aos interesses do PS ou do PSD. Lord Nelson apelida-nos sarcasticamente de «socráticos». E isto porque dissemos que Portugal precisa de um orçamento! Lord Nelson diz que Portugal não precisa de um orçamento, que por vontade dele chumbava o orçamento! Orçamento para Portugal? Que diabo para o Orçamento! Que diabo para Portugal! Razões de Lord Nelson? Uma adoração febril do PSD. PSD para aqui, PSD para acolá…Nem uma palavra para as consequências da entrada do FMI em Portugal e para os portugueses. Mas que dizemos nós?! Mas Lord Nelson disse! Efectivamente disse! Lord Nelson vela! Lord Nelson disse and quoting que «a entrada do FMI em Portugal seria desastrosa para as empresas»! Para as empresas, Lord Nelson! Para as pessoas colectivas! E para as pessoas singulares, extremoso Lord? Para aquelas de carne e osso? Oh!, mas claro Lord Nelson! Esquecemos aquela vez em que V. Ex.ª caminhando ao nosso lado, com o olhinho pisco, aguçado, dizia, tocando com o seu cotovelo no nosso braço:
- Já viste as ancas daquela pessoa colectiva?...Como ela meneia aquelas ancas!...
Um silêncio fez-se. E V. Ex.ª novamente, largou pesadamente, estouvadamente, cerrando os dentes:
- Como ela meneia aquelas ancas!...
Eu brejeiramente, grosseiramente, esfregando as palmas das mãos disse:
- Já viste o peito daquela loira ali?
E então, babadamente, deixei cair esta frase com profundidade:
- É um avião!...
Lord Nelson discordava, abanando a cabeça. Não encontrava nada mais atraente e lascivo numa mulher do que uma ficção jurídica que permite atribuir personalidade jurídica! Eu, num último esforço, ainda argumentei, olhando novamente para a loira:
- Mas e os seios? E os seios?...
Lord Nelson inexorável, replicou:
- Ficção jurídica, rapaz! Ficção jurídica! E um menear de ancas!
Estimado leitor, não pretendemos chasquear com o nosso Lord, mas todos sabemos das consequências da entrada do FMI em Portugal – a aplicação do mesmo, senão um orçamento de ainda maior austeridade. E com um acréscimo nefasto: nenhuma das reformas estruturais de que Portugal necessita será executada.
O próprio Financial Times aponta as medidas reveladas como acertadas – tardias, demasiado tardias, mas agora inevitáveis, acrescentamos nós. Mas para que Portugal possa imediatamente repensar o seu problema estrutural – o crescimento – um conjunto de medidas para além do orçamento necessitam de ser tomadas: a maior flexibilidade da legislação laboral, a reestruturação do sistema judicial e uma transformação radical no sistema de educação. É isso que compete ao Governo fazer para que as actuais medidas se revelem infrutíferas e cujo efeito dure apenas uns curtos anos e Portugal volte ao seu eterno fado.

1 comentário:

M. Pompadour disse...

LOL
Sim sr...! Eu sempre desconfiei dos gostos de Lord Nelson, mas confirmar que, na verdade, é de pessoas colectivas que ele gosta, até me pasma. xD