Antes do post propriamente dito tomamos a liberdade de alargar o debate acerca dos cursos de mestrado pós e pré Bolonha. Bem, não será propriamente um debate visto que não faremos nenhum exercício dialéctico.
Apenas queremos informar o leitor do que é um mestrado em Direito à bolonhesa: ao contrário do que já por aqui foi sugerido, este novo mestrado não consiste num pequeno trabalho de 30 folhas. No primeiro ano, há lugar à apresentação de dois trabalhos (de 30 folhas) por cada cadeira (sendo que existem 5 diferentes); ora isto perfaz um total de 10 trabalhos de 30 folhas… ou seja 300 folhas. A avaliação não é só isto, mas isto é o que interessa por agora ao tema.
Mas note o leitor que estas dissertações não conferem o título de mestre… Este é atribuído após o segundo ano do segundo ciclo (sendo que para lá chegar não bastam 10 mas são precisos 14 valores de média no primeiro ano) onde há lugar a uma tese, como uma dimensão não inferior a 200 folhas…
E a quantidade está resolvida… É igual ou superior à antiga! Quanto à qualidade é difícil medir pois variará de aluno para aluno… Mas uma coisa nos parece certa: ao proporcionar exercícios de treino no primeiro ano, a aptidão para a investigação ficará decerto aprimorada… E também porque só os melhores dos mestrandos chegam a mestre.
De referir que esta realidade é a que conhecemos no mestrado científico na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra… Estamos disponíveis para falar com alguém de mestrado pré-bolonha para trocar impressões; não me venham é dizer que isto é só trabalhinhos e títulos. Em Coimbra não é!
E quanto aos títulos temos dito, até porque nem gostamos dos de doutor ou de mestre… Preferimos Lord. É mais exclusivo e arrogante para as massas proletárias!
Quanto ao post propriamente dito:
Portugal é um país pequeno… E num país tão pequeno é normal que toda a gente conheça toda a gente. Esta situação é apta a provocar uma série de trocas de influências (alguns dirão sinergias) eventualmente prejudiciais ao debate civilizado e sério. O facto de termos um povo pouco letrado também não ajuda, claro está.
No caso que trazemos a análise, nós descortinamos uma certa promiscuidade entre a política partidária e o jornalismo: Veja o leitor se também a vê.
Se o meu caro amigo lesse este título - Cortes afectam mais câmaras PS, mas autarquias PSD têm multas mais altas – o que pensaria? Que os autarcas do PSD são mais irresponsáveis e endividam a sua autarquia mais. Certo?
Então e se tivesse a foto que reproduzimos em cima a engalanar a notícia – do Dr. Macário Correia (PSD) presidente da Câmara Municipal de Faro – pensava-se que ele era um desses responsáveis não?
Pois nada disto se passa – não foi o PSD o responsável pela maioria do endividamento, nem o Dr. Macário Correia tem culpas no cartório…
O que se passa é o seguinte: alguns municípios do PSD endividaram-se e vão ser sancionados com um corte de 13,5 milhões de euros. Mas desses, 7,6 milhões dizem respeito ao município de Faro e têm origem em 2008 – momento em que a autarquia era PS.
Com este novo dado compreende-se através de um simples raciocínio matemático que, dos 25,2 milhões de euros que vão deixar de ser transferidos no Orçamento para as autarquias, 19,3 milhões são da responsabilidade de autarcas do PS (em funções agora ou no passado). Do PSD são 5,9 milhões. É muito! É demasiado! Mas não é a maioria…
Torna-se difícil advogar a honestidade intelectual do jornalista responsável pelo título – se quis sensacionalismo sacrificou a verdade; se foi para lutar pelo seu parido de eleição sacrificou os princípios deontológicos que o deveriam reger…
Nos chegamos a esta conclusão porque lemos a notícia… Mas um leitor com mais pressa não teria reparado e ficaria com outra opinião: que o PSD era o maior responsável e que o Dr. Macário Correia figurava à cabeça da incompetência – o que é injusto para aquele até porque não corresponde à verdade dos factos.
É evidente que há criaturas imbecis em todos os partidos! Não o negamos – no PSD há-os seguramente.
Nota: a colabroação dos leitores é sempre positiva - não pretendemos alhear ninguém. Apenas exercer, de certa forma, o contraditório e promover a discussão. Sintam-se livres para comentar - concordando ou discordando!
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