A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Hysteria

Bartoon – Público 14 de Outubro de 2010
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"- Explique-me lá a importância de haver um Orçamento do Estado.
- É muito simples. O Orçamento permite que o dinhero seja gasto com conta, peso e medida, de forma escrupulosa.
- Estou a ver.
- Até agora não foi por falta de Orçamento que o dinheiro não tem sido gasto com conta, peso e medida, de forma escrupulosa. Foi por qualquer outra coisa portanto… "
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Subitamente na piolheira nacional todo o povo se aflige com o Orçamento. Por todo o lado se clama por sentido de responsabilidade (mas só para o PSD). E aqui tem razão o Dr. Passos Coelho quando questiona o que estiveram a fazer todos estes analistas nos últimos anos de governo socialista em que financiamos o nosso gordo estado social com capitais de terceiros – sem pensar na correspondente escalada dos juros da dívida pública.
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Antes de mais, é preciso dizer que quem governa é o PS. E é ao PS que compete apresentar uma proposta consistente de Orçamento em que haja cortes na despesa. Mas se o PS quer aprovar o Orçamento com o auxílio do PSD não pode impor a sua vontade – tem que negociar. Todos estamos habituados aos tiques sul-americanos do Eng. Sócrates – que até podiam resultar na legislatura anterior. Mas o caso mudou… A maioria é relativa e a estratégia já não serve.
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Há que negociar. O PS não tem uma posição em que possa fazer diktats; seria uma traição do PSD ao seu eleitorado aprovar um Orçamento que promova a continuação do actual modelo (insustentável) de estado social. Mas apesar de todas as pressões a posição do Partido Social-Democrata tem sido a correcta – não se pronuncia sem haver uma proposta (as declarações de intenção do primeiro-ministro são bem conhecidas e todos sabemos que não correspondem à verdade) nem alimenta discussões na praça pública.
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A actual direcção do PSD já mostrou (com o PEC e a proposta de Revisão Constitucional) que coloca os interesses do país à frente do calendário eleitoral – se, no íntimo se discorda da proposta, se o PS não negoceia – há que votar contra. Havendo alguma abertura pode viabilizar-se com a abstenção.
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Aproveitamos o actual momento para referir que este problema só se coloca devido à República. É por irmos eleger o Chefe de Estado em Janeiro que não podemos ter legislativas em Novembro ou Dezembro. Se o cargo fosse não electivo já podíamos tratar de ter novo Parlamento e novo Governo. Não é propaganda monárquica – é uma constatação fáctica.
Duas notas finais:
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1 – O Presidente da Comissão Europeia, aproveitando todo e qualquer momento para falar do Orçamento – está claramente a ingerir num assunto que ainda é interno. Do Dr. Durão Barroso pretendia-se silêncio (se quer mandar algum recado ao Dr. Passos Coelho poderia sempre usar o telemóvel). E que aquela parda figura não se esqueça que se há Sócrates foi porque ele decidiu emigrar.
2 – Há cerca de 20% de eleitores que nas passadas eleições legislativas optaram por votar num partido da extrema-esquerda anti-democrática (PCP/PEV/BE). Tais votos revelam-se agora inúteis pois esses partidos, demasiado fechados na sua ortodoxia, são incapazes de por o interesse nacional à frente da sua teoria económica.

Concluindo: em nosso entendimento ou o PS abre-se a negociações ou se chumba o Orçamento. E caso se chumbe o Orçamento deve-se pedir contas a quem nos pôs nesta situação e depois nem sequer admitiu ponderar alterar a receita do desastre. O PS aproximou-nos da insolvência: agora que se deixe de monólogos e ouça!

Hoje não temos a habitual imagem… Aproveitamos para postar um vídeo roubado ao 31 da Armada. Só para ir relembrando…


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