A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O Orçamento do Estado para 2011

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Um homem, voando num balão, dá conta que está perdido. Avista um homem no chão, baixa o balão e aproxima-se:
- Pode ajudar-me? Fiquei de encontrar-me com um amigo às duas da tarde; já tenho um atraso de mais de meia hora e não sei onde estou...
- Claro que sim! - Responde o homem: O senhor está num balão, a uns 20 metros de altura, algures entre as latitudes de 40 e 43 graus Norte e a longitude de 7 e 9 graus Oeste.
- É consultor, não é?
- Sou sim senhor! Como foi que adivinhou?
- Muito fácil: deu-me uma informação tecnicamente correcta, mas inútil na prática. Continuo perdido e vou chegar tarde ao encontro porque não sei o que fazer com a sua informação...
- Ah! Então o senhor é socialista!
- Sou! Como descobriu?
- Muito fácil: O senhor não sabe onde está, nem para onde ir, assumiu um compromisso que não pode cumprir e está à espera que alguém lhe resolva o problema. Com efeito, está exactamente na mesma situação em que estava antes de me encontrar. Só que agora, por uma estranha razão, a culpa é minha...
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Serviu a anterior blague para introduzir o tema aborrecido que hoje trazemos ao leitor – o Orçamento do Estado para 2011. Com efeito, há dias o PS apresentou a sua proposta e ontem o PSD disse de sua justiça.

Antes de mais importa ver que o Executivo actual quer fazer crer que as actuais dificuldades se devem à crise financeira internacional – ora esta apenas revelou uma realidade que se tornaria, mais tarde ou mais cedo, conhecida: temos um nível de desemprego histórico (o que implicará pouca produção), elevados e sucessivos défices orçamentais e uma enorme dívida pública.
Dois PEC’S depois o Governo mostrou-se incompetente a resolver – ou pelo menos a atenuar – aqueles problemas. As declarações de José Sócrates sobre o OE2011 – que era um Orçamento defensor do Estado Social – só podem ser encaradas como humor negro.
Depois do delírio socialista dos últimos anos, apenas interrompido por Durão Barroso e Santana Lopes (com um PR hostil), o país perdeu o norte e os trocos. Tal é a situação com que se depara o actual Presidente do PSD.

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Na altura do PEC I e do PEC II, o PSD mostrou sentido de Estado quando os viabilizou – e o primeiro-ministro garantia (desde o primeiro) que, aprovados aqueles, não seriam necessárias medidas mais gravosas ou mais sacrifícios! Pois, está bem… Na proposta do PS para o OE2011, o (novo) agravamento da carga fiscal das famílias e empresas está bem presente: o que nos leva a concluir uma de duas coisas – ou o primeiro-ministro, nos PEC’S, mentiu com quantos dentes tinha, ou então não sabia do que falava, induzindo em erro todos os portugueses…

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No entanto, e apesar de o rating da honestidade do PM andar muito por baixo, o PSD voltou-se a mostrar disponível: mas não passa um cheque em branco: faz exigências sérias e construtivas para a viabilização do documento: transparência das contas públicas, mais equidade na distribuição dos sacrifícios, canalizar as poupanças geradas pelas medidas de austeridade para reduzir a carga fiscal e congelar as grandes obras públicas e as parcerias público-privadas.

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Por nós, nada opúnhamos a um chumbo directo – e à chamada o FMI. Era cortar, e cortar a direito na despesa pública. Por muitas críticas que se façam ao FMI a verdade é que já por duas vezes nos salvou da bancarrota. Seria com certeza aborrecido para quem anda a rondar a tetinha estatal, mas paciência.
No entanto compreendemos que tal solução seria desastrosa para muitas empresas portuguesas – quer através da subida dos juros quer através da deserção do investimento estrangeiro. A posição do PSD, apesar de não ser a que mais gostaríamos, é a mais responsável.

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Aqui está pois o nosso post sobre o OE, muito aguardado pelos leitores e pelo socrático Dr. Carlos. Que se diga o que se quiser, mas é por culpa do actual executivo que estou a descapitalizar… Este vosso amigo já teve que cortar nas idas ao Passeio Público para não desgastar a caleche…

Nota final: voltamos a insistir que se a chefia do Estado não fosse electiva já teríamos tido oportunidade para dissolver o parlamento! Se aturamos o engenheiro é por causa desta arquitectura republicana!

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Não queríamos deixar de manifestar o nosso pesar pelo falecimento da grande actriz Mariana Rey Monteiro, que partiu deste mundo, ontem, em Lisboa.

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