Sua Santidade, o Papa Bento XVI, realizou, nesta semana, uma curta visita de quatro dias a Portugal. Com efeito, caro leitor, nós vimos, nitidamente, Bento XVI. Mas e Deus? O leitor vislumbrou a sua presença num qualquer recanto? Nós buscámos algum sinal da sua presença. Debalde. É precisamente esta razão sobre a qual pretendemos dissertar no dia de hoje, visto que o Papa Bento XVI, entretanto, regressou a Roma e nos encontramos a salvo de um qualquer esconjuro. Esta afirmação é, porém, irónica. É que ao contrário de certas pessoas que se afirmam católicas por receio do dedo castigador de Deus, nós não tememos a retribuição divina – aqueloutros receiam a acção divina sob a forma de pragas de gafanhotos, terríveis epidemias, dilúvios, tremores de terra e, por isso, convertem-se ao catolicismo pela fé num Deus que, já Saramago caracterizava como vingativo. Em cada desastre natural vêem naquele fenómeno uma ira do Todo-Poderoso. Como ateus prezados que somos iremos, racionalmente demonstrar os motivos por detrás da nossa descrença, apesar do tema ser, já de si, irracional.
A nossa linha de pensamento resume-se, facilmente, numa frase, de resto, enunciada por Eça de Queiroz: “as religiões para os homens não passam de um conjunto de ritos através dos quais cada povo procura estabelecer uma comunicação íntima com o seu Deus e obter dele favores”. Por esta altura, o crente leitor estará, porventura, a insultar a nossa pessoa com nomes obscenos. No seu interior, no entanto, o leitor reconhece que, por várias vezes, na sua oração com Deus, ocasionalmente, lhe rogara um certo favor. Algures entre a Ave-Maria e o Pai-Nosso, o leitor encontrara alguma forma de ser beneficiado nesta vida terrena. Se Deus – ou o acaso -, com a sua infinda bondade proporcionou esse favor, o leitor, no dia seguinte, roga com mais fervor, com mais fervor a Deus, agradecido pelo favor concedido, e esperando Dele um novo favor. Os religiosos, no fundo, não passam de bons persuasores – tentam cativar a atenção do seu Deus. O pedido de favorecimento pode ser o mais louvável, mas não apaga a realidade de se tratar de um favor. São um conjunto de ritos realizados como forma de demonstrar o amor a Deus para que Este, na Sua divina arbitrariedade, lhe conceda o favor – o milagre. Além do mais, a própria filosofia católica é incongruente – o Homem deve praticar o Bem para obter como recompensa o Céu. Quer, porventura, o estimado leitor, um prémio mais materialista do que este? O próprio Deus considera que o Bem não deve ser praticado por virtude, para que cada alma se torne melhor e, por extensão, para que outras almas se tornem melhores. Não! O Homem deverá praticar o Bem na Terra para receber a sua recompensa no Céu. Não vislumbramos nesta acção algo que torne a Terra um sítio justo para se viver, mas tão-só o Céu. E nós, caro leitor? Nós somos ateus, mas somos justos! Somos privados assim da recompensa e sofremos todas as agonias da Terra!...Qual a utilidade então dos ensinamentos de Deus? Deve o Homem não roubar, não matar ou não cobiçar a mulher do outro por receio de Mefistófeles? Não, caro leitor! O Homem não deve cometer essas acções porque isso não é digno da condição de Ser Humano, de um Homem de Bem. A virtude existe pela própria virtude, não pelo receio dos caldeirões sulfurosos de Lúcifer…
Já Feuerbach dizia…”a religião é o sonho da mente humana” mas, mesmo nos sonhos, o Homem não se encontra no Céu, mas sim na Terra. O crente apenas vê Deus no esplendor da sua imaginação e não na luz cruel da realidade – pois essa nega a Sua existência. O Homem, como ser dotado de determinação, renega esse alvedrio e sujeita o seu destino, arbitrariamente, a Deus. Despreza a sua força de vontade O Deus que cada homem vê no seu interior não é mais do que uma imagem do próprio Homem, mas exacerbada a uma imagem toda ela cheia de perfeições.
Queira o estimado leitor conhecer a proposição de Feuerbach – “The divine being is nothing else than the human being, or, rather the human nature purified, freed from the limits of the individual man, made – objective – i.e., contemplated and revered as another, a distinct being. All the attributes of the divine nature are, therefore, attributes of the human nature. In relation to the attributes the predicates of the Divine Being, this is admitted without hesitation, but by no means in relation to the subject of these predicates. The negation of the subject is held to be irreligion, nay, atheism; though not so the negation of the predicates. But that which has no predicates or qualities, has no effect upon me; that which has no effect upon me, has no existence for me. To deny all the qualities of a being is equivalent do denying the being himself.”
A nossa linha de pensamento resume-se, facilmente, numa frase, de resto, enunciada por Eça de Queiroz: “as religiões para os homens não passam de um conjunto de ritos através dos quais cada povo procura estabelecer uma comunicação íntima com o seu Deus e obter dele favores”. Por esta altura, o crente leitor estará, porventura, a insultar a nossa pessoa com nomes obscenos. No seu interior, no entanto, o leitor reconhece que, por várias vezes, na sua oração com Deus, ocasionalmente, lhe rogara um certo favor. Algures entre a Ave-Maria e o Pai-Nosso, o leitor encontrara alguma forma de ser beneficiado nesta vida terrena. Se Deus – ou o acaso -, com a sua infinda bondade proporcionou esse favor, o leitor, no dia seguinte, roga com mais fervor, com mais fervor a Deus, agradecido pelo favor concedido, e esperando Dele um novo favor. Os religiosos, no fundo, não passam de bons persuasores – tentam cativar a atenção do seu Deus. O pedido de favorecimento pode ser o mais louvável, mas não apaga a realidade de se tratar de um favor. São um conjunto de ritos realizados como forma de demonstrar o amor a Deus para que Este, na Sua divina arbitrariedade, lhe conceda o favor – o milagre. Além do mais, a própria filosofia católica é incongruente – o Homem deve praticar o Bem para obter como recompensa o Céu. Quer, porventura, o estimado leitor, um prémio mais materialista do que este? O próprio Deus considera que o Bem não deve ser praticado por virtude, para que cada alma se torne melhor e, por extensão, para que outras almas se tornem melhores. Não! O Homem deverá praticar o Bem na Terra para receber a sua recompensa no Céu. Não vislumbramos nesta acção algo que torne a Terra um sítio justo para se viver, mas tão-só o Céu. E nós, caro leitor? Nós somos ateus, mas somos justos! Somos privados assim da recompensa e sofremos todas as agonias da Terra!...Qual a utilidade então dos ensinamentos de Deus? Deve o Homem não roubar, não matar ou não cobiçar a mulher do outro por receio de Mefistófeles? Não, caro leitor! O Homem não deve cometer essas acções porque isso não é digno da condição de Ser Humano, de um Homem de Bem. A virtude existe pela própria virtude, não pelo receio dos caldeirões sulfurosos de Lúcifer…
Já Feuerbach dizia…”a religião é o sonho da mente humana” mas, mesmo nos sonhos, o Homem não se encontra no Céu, mas sim na Terra. O crente apenas vê Deus no esplendor da sua imaginação e não na luz cruel da realidade – pois essa nega a Sua existência. O Homem, como ser dotado de determinação, renega esse alvedrio e sujeita o seu destino, arbitrariamente, a Deus. Despreza a sua força de vontade O Deus que cada homem vê no seu interior não é mais do que uma imagem do próprio Homem, mas exacerbada a uma imagem toda ela cheia de perfeições.
Queira o estimado leitor conhecer a proposição de Feuerbach – “The divine being is nothing else than the human being, or, rather the human nature purified, freed from the limits of the individual man, made – objective – i.e., contemplated and revered as another, a distinct being. All the attributes of the divine nature are, therefore, attributes of the human nature. In relation to the attributes the predicates of the Divine Being, this is admitted without hesitation, but by no means in relation to the subject of these predicates. The negation of the subject is held to be irreligion, nay, atheism; though not so the negation of the predicates. But that which has no predicates or qualities, has no effect upon me; that which has no effect upon me, has no existence for me. To deny all the qualities of a being is equivalent do denying the being himself.”
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