A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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terça-feira, 15 de junho de 2010

A Queda de Uma Ilusão




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Mensagem da Gerência - o texto de hoje pode ofender as consciências mais puras. Se acha que tem uma consciência pura, pare de ler isto e vá apoiar a selecção.
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Se já está a ler este segundo parágrafo é porque, no seu íntimo, não considera a sua consciência como pura: V.Exa é já um pecador/a endemoinhado/a e qualquer desvio comportamental que experiencie já decorre da semente do mal que já estava plantada em si e não resultou deste post. Declinamos pois qualquer responsabilidade.
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No post de hoje, dispo-me das minhas vestes conservadoras para trazer junto do amigo leitor um problema novo que nos ameaça. Note porém que mantenho qualquer coisinha vestida. Nada de andar cá em pelota pelo Opinador, a ofender a moral, os bons costumes e o Dr. Carlos.
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Então o que se passa é o seguinte:
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Como qualquer jovem do meu tempo cresci aconchegado por uma bonita fantasia que vem já desde a bela poesia de Catulo, esse sofisticado poeta romano do século I a.C., passou pelas belas ninfas do Canto IX dos Lusíadas (“Outros, por outra parte, vão topar/Com as Deusas despidas que se lavam/Elas começam súbito a gritar/Como que assalto tal não esperavam/Umas fingindo menos estimar/A vergonha que a força, se lançavam/Nuas por entre o mato, aos olhos dando/ O que às mãos cobiçosas vão negando;”) e hoje anda pelos filmes das coelhinhas Playboy. Tal fantasia preenchia o imaginário juvenil de qualquer rapaz adolescente - falo da fantasia masculina sobre as relações sexuais entre duas mulheres, três mulheres, quatro mulheres, n mulheres...
Assim preenchido o imaginário masculino, com belas e jovens mulheres que, em orgias lesbianas, trocavam carícias sôfregas com os seus corpos desnudados, os homens cantavam e riam, felizes da vida, enlevados em tais cogitações. Tal era pois, o universo de muitos jovens.
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Mas eis que, com a aprovação do casamento homossexual, começam a aparecer nas televisões em prime-time casais de lésbicas que despedaçam aquelas belas imagens. Tratam-se sobretudo (falamos apenas do que vemos nas estações de televisão generalistas) de senhoras de alguma idade, com uns pneus, desprovidas dos atributos típicos do belo sexo e com um guarda-roupa pior que o de um dirigente sindical – conforme foi realçado ontem, de forma muito douta pela minha colega opinadora.
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Note o leitor que qualquer tentativa de imaginação de um cunnilingus, anilingus, masturbação mútua ou mesma uma carícia mais intíma será afastada da mente maasculina com um vigoroso ahgggggg, carregado de asco.
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Esta situação deveria ter sido prevista pelo legislador e deveriam ter sido tomadas medidas – por exemplo, pelo menos na estação pública só deveriam passar imagens de casamentos de belas lésbicas, correspondentes à tradição histórica acima enunciada. Mas não foi. E agora os homens portugueses (pelo menos os heterossexuais, porque os homossexuais presumo que se estejam a borrifar para o tema) ficam órfãos de uma das mais belas fantasias do ideário masculino.
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Tal situação parece-nos inadmissível e fazemos aqui o nosso apelo aos doutos deputados da Nação: Excelências! Os casamentos de lésbicas feias devem ser feitos à porta fechada. Os homens de Portugal não precisam, não querem, não podem saber da sua existência. Que apenas os casamentos de lésbicas fermosas, tenham cobertura mediática. Esta é a única forma de prevenir a calamidade que se avizinha.
Deixem-nos manter a ilusão – é tudo o que se pede.
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E para terminar tão inaudito post, deixamos aqui mais uma estrofe do Canto IX dos Lusíadas, que descreve essa ilha dos amores onde, quando os nossos marinheiros la chegaram, ninfas viviam desnudadas em alegre convívio:
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“ Assi lho aconselhara a mestra experta:
Que andassem pelos campos espalhadas;
Que, vista dos barões a presa incerta,
Se fizessem primeiro desejadas.
Algumas, que na forma descoberta
Do belo corpo estavam confiadas,
Posta a artificiosa fermosura,
Nuas lavar-se deixam na água pura.”

2 comentários:

M. Pompadour disse...

xD ... Não tenho nada a dizer. Concordo com a parte de certos casamentos homossexuais se revestirem de um desinteresse maior que o Universo e isso dever ser ressalvado pela televisão. Tenho dito.

Ahimsa (posts Maio-Julho 2010) disse...

Ninfas e deusas são criaturas do imaginário. Bem-vindo à realidade Lord Nelson: uma diversidade imensa de ser, tanto fisica como psicologicamente.
A ilusão não é mais do que uma fraude, mas faz parte do crescimento e é geralmente superada sem traumas (repara, por exemplo, como outrora todos conseguimos superar a ideia falsa sobre a existência do pai natal ou de super heróis), por isso vais ficar bem caro Lord, garanto-te :)