A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Os espiões que não espiavam



-
Por influência dos filmes de James Bond todos temos uma concepção da espionagem como uma vida repleta de aventuras, perigos, bons carros e “bond girls”.
.
Pois o amigo leitor acha que aquela é a vida de um normal espião? Então desengane-se. Por estes dias foi notícia a descoberta de uma rede (ou talvez mais uma célula) de espiões russos que actuavam nos Estados Unidos e, pasme-se, que não espiavam… Ah, pois é! A Russia treina espiões não para espiar mas sim para (e aqui citamos uma mensagem interceptada pelo FBI) “procurar e desenvolver laços nos círculos de decisão política e enviar relatórios de informação". Mas a que informação poderiam ter acesso aqueles seres tão afastados dos centros decisórios como estavam?
.
Na prática tratava-se de cidadãos russos que entravam nos Estados Unidos com entidades falsas e começavam uma vida perfeitamente normal, num qualquer subúrbio (escolheram Nova Jérsia) e com um emprego comum.
.
Após devidamente instalados estes senhores começavam o que deveriam fazer – nada! Criaram apenas novas identidades e uma rotina de contactos, isto em dez anos. Segundo noticiado pelo Público, o ridículo foi ao ponto de não conseguirem arranjar os empregos pretendidos por Moscovo junto daqueles centros decisórios. O desemprego afecta todos, mesmo os espiões treinados pelo KGB.
.
É com tristeza que vemos cair o mito de James Bond que vemos terem passado os tempos de sedutoras Mata Haris… Agora temos apenas espiões que mais parecem alunos de intercâmbio ou imgrantes. Mas a tristeza acaba aí. Em face de toda esta situação somos obrigados a soltar um ah-ah de puro gozo.
.
O leitor mais argumentativo dirá: “olhe que é sempre bom ter células adormecidas num país estrangeiro.” E daqui responde-se da seguinte maneira: primeiro isto não é um fórum; segundo para saber o que se passa em determinado país através de cidadãos anónimos, sem influência, se calhar saia mais barato ler os jornais ou pesquisar na net. Assim como assim, o dano que tal incidente pode provocar nas relações entre os dois países não tem comparação com a inutilidade da informação que poderão ter enviado a Moscovo.
.
Isto põe a nu a realpolitik (se me é permitido usar o termo) de Moscovo e a desconfiança que continua a ter dos EUA. Apesar de a Rússia não ser a URSS - a todos os nívies - continua a ter uma conduta bastante censurável nas suas relações com outros estados, conforme já o demonstramos aquando da nossa análise das relações russ-georgianas.
.
Mas aqueles espiões já tiveram o seu castigo… Mesmo que não venham a ser condenados! É que, por incompetência não conseguiram ser acusados de espionagem (até porque nada espiaram)! Vão acusados de conspiração. Não vai ficar nada bem no curriculum e os paizinhos dos espiões vão ficar desiludidos.
.
Não queria deixar passar este 1.º de Julho sem fazer uma referência a Amália, que se fosse viva hoje fazia 90 anos. Assim, para todos recordarmos fica este vídeo.
.

1 comentário:

M. Pompadour disse...

LOOOOOOOOL Pah...este vídeo... xD