A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Agora já “panicámos”!


Hoje passámos todo o dia ocupados a "panicar" e não tivemos tempo para fazer muito mais – motivo pelo qual pedimos desculpas ao leitor, já que apenas nos vamos centrar no mundo negro da economia portuguesa.
.

.
Nós que, de há uns tempos a esta parte, andávamos preocupados com o estado do Estado, ficamos hoje muito mais preocupados. Com efeito a dívida pública portuguesa anda a causar cada vez maior desconfiança nos mercados externos. Se essa desconfiança é fundada ou não, é outra questão que em nada afecta os efeitos nefastos que a subida dos juros pode causar. Se não vejamos: tanto o Estado como a banca nacional necessitam de financiamento externo.
.
Esse financiamento está cada vez mais difícil de obter pois os capitalistas estrangeiros estão a começar a desconfiar da nossa capacidade de cumprir as obrigações. Isto quer dizer apenas uma coisa – o dinheiro que vamos comprar lá fora será cada vez mais caro. Assim, e pensamos agora só na banca nacional, se lhe cobram mais juros pelo dinheiro, ela própria terá de cobrar mais juros nos empréstimos que faz as empresas e aos particulares.
.
Mas que o leitor saber qual o evento que nos provocou alarme? Foi este. Com efeito, o Estado teve de ir ao mercado comprar 300 milhões de euros da sua dívida. Coisa que não temos memória de ter ocorrido, pelo menos nas últimas décadas. Sim isto prova que o Estado tem liquidez – mas causa duas preocupações: primeira: não há investidores privados que queiram a nossa dívida? segunda: esta compra é a assumpção da existência de um problema… E se for preciso voltar a comprar não sabemos até quando o Estado terá a liquidez necessária.
-
-
Ora este aumento nos créditos pode provocar despedimentos e insolvências, o que teria consequências nefastas no tecido produtivo português e na nossa sociedade – onde o desemprego já atinge os dois dígitos. Menos produção, mais desemprego, mais pobreza, mais instabilidade social, mais insegurança.
.
As contas públicas são o que são… O nosso Estado, no final do século XIX procurou financiamento externo para as obras públicas e acabou na bancarrota em 1891. Nós no século XXI já precisamos daquele financiamento para pagar as contas – será que devemos aumentar a dívida para fazer obras públicas cuja necessidade é amplamente discutível?
.
É nosso entendimento que as grandes obras públicas deveriam ser congeladas. Sim, é certo que poderiam criar empregos; mas seriam empregos de curto prazo, ligados a sectores onde uma grande percentagem do trabalho é feita por imigrantes. Mas mais grave: o Estado não tem dinheiro para estas obras e teria de o ir procurar lá fora, retirando a disponibilidade de capital à nossa banca, tornando o dinheiro mais caro e os empréstimos que as famílias e as empresas contraíram mais caros. Vamos lá congelar o TGV, as novas auto-estradas (como a do Pinhal Interior), o novo aeroporto…
.
Também é necessário e urgente rever todos os apoios sociais. Foi com agrado que recebemos a informação que se pensa alterar a forma de cálculo do subsídio de desemprego (por forma a evitar situações onde a pessoa ganha mais na situação de desemprego do que na situação de empregado – o que obviamente desincentivava a procura activa de trabalho) e um aumento da sua fiscalização.
.
Mas é preciso mais… É necessário repensar subsídios sociais como o rendimento social de inserção e apostar no tributo social. São necessárias auditorias aos Institutos Públicos – e admitimos que alguns, os menos necessários, fechem portas. É urgente reduzir o número de gestores públicos nas empresas participadas por entes estatais e é urgentíssimo reduzir o peso do Estado na economia – evitando-se assim distorções e desperdícios. O Estado só pode ser social na medida em que a sua economia lho permite e nos dias que correm a economia nacional permite muito pouco.
.
N’ Opinador temos fama de ser de direita… E com o que diremos a seguir arriscámo-nos a alimentar essa fama. Mas em consciência dizemos que, apesar de tal medida poder aumentar a desigualdade social, é necessário reduzir a progressividade dos impostos sobre o rendimento, taxando menos quem ganha mais e incentivando assim a produtividade dos mais aptos – seria uma medida geradora de riqueza e a prazo. Porém era necessária…
.
Terminamos com um pensamento – se o leitor reparar o Estado financia-se a quase 7% no estrangeiro… Porém a sua forma de financiamento no mercado interno – os certificados de aforro – nem chegam a 1%. Não seria boa ideia inverter exacta tendência e incentivar a poupança nacional?
.
Despedimo-nos agora do leitor pois vamos ali ao nosso banco tratar de mandar tudo para off-shore. Somos muito patriotas mas não temos muito entusiasmo na possibilidade de bancarrota que se começa a desenhar no nosso futuro…

1 comentário:

Samuel Ribeiro disse...

Com calma! Sem stresses!!! :-D