A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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quarta-feira, 7 de abril de 2010

A História de um Banqueiro

Caro leitor,
A sociedade portuguesa está oficialmente em regressão. A inteligência escasseia. Sugerimos às depauperadas finanças do nosso Governo que taxe essa coisa com 20% de IVA – a inteligência é um bem de luxo no nosso País.
João Rendeiro é um desses expoentes da inteligência. E para nos explicar melhor o motivo de tamanha inteligência quem melhor do que o próprio João Rendeiro para nos explicar o porquê. E foi isso que o inteligente Rendeiro fez no seu livro – João Rendeiro (não vá o leitor pensar que é outra pessoa), Testemunho de um Banqueiro.
Sumariamente, o livro é definido da seguinte maneira pela Bertrand:

“Esta é a história do banqueiro, filho de um casal proprietários de uma sapataria em Campo de Ourique, que do nada chegou ao topo no mundo das Finanças, com negócios em Portugal, Espanha, Brasil e África”. João Rendeiro é um dos investidores mais ousados e respeitados no mercado financeiro português. Neste livro, Rendeiro desvenda a sua estratégia de fazer negócios e investir na Bolsa, bem como a melhor forma de sobreviver à crise financeira despoletada pelo "subprime".

Caro leitor, nestas curtas linhas teremos reunido material para humor de qualidade. Julgamos, no entanto, que há um aspecto que se destaca dos demais – João Rendeiro, esse grandioso, soberbo, audaz e perspicaz banqueiro, “um dos investidores mais ousados e respeitados no mercado financeiro português”, descreve-nos a maneira como escapulir da crise financeira. João Rendeiro, o atrevido investidor que, pela primeira vez em Portugal, conseguiu levar um banco à falência explica-nos como sobreviver à crise financeira que ele não conseguiu sobreviver. Esta metade d’O Opinador de Veludo não terá a certeza se o leitor estará a entender correctamente a ironia da situação. Nós tentaremos definir sumariamente a questão no seguinte ditado popular: “Vira-se o nu para o roto”, sendo que o nu, neste caso seria sua excelência, João Rendeiro. Esse homem que da sua torre de marfim dos negócios conseguiu levar essa instituição avessa à falência, o banco, precisamente, à falência. Convenhamos, caro leitor: tal requer talento. E talento esse que, gentilmente, João Rendeiro, hábil e capaz, nos disponibiliza.
Na vistosa capa do seu livro é ainda feita referência à “História de quem venceu nos mercados”. O pudor e a decência impedem-nos de continuar a falar de comentar esta afirmação.

O humor não termina, porém, em João Rendeiro. O nosso País é pródigo em situações humorísticas. E não é necessário ir para além da História do BPP. Queira o leitor saber o motivo:

“Entretanto, o fundador do BPP, João Rendeiro, entrou de novo em cena e está a ajudar um grupo de clientes a formar uma associaçãoi para entrar com acções contra o Estado e o BdP.”

Caro leitor, lamentamos as afirmações acima proferidas contra João Rendeiro. O banqueiro é um homem digno e honrado. Martirizado e agonizado pelos prejuízos causados pelo banco que fundou, ele tenta auxiliar os clientes na sua luta contra o Estado. Naquele coração existe compaixão, existe a dor por ter causado a dor em outros tantos corações, existe o arrependimento.

“A Associação de Defesa dos Direitos dos Aforradores a que Ângela Soares vai presidir, está a ser constituída por um grupo de advogados de Coimbra indicados por João Rendeiro”.

A bondade deste coração! Os anjos que compadecem aquele espírito! A piedade! A comiseração! A consideração pelos sentimentos dos outros neste mundo de materialidade e de egoísmos é apenas para os fortes de espírito, João Rendeiro! Podes não ser um banqueiro de sucesso! Aliás, podes ser um banqueiro miserável, mas és um homem nobre e decente!

“Mas há contrapartidas: Não vamos colocar acções contra ele (Rendeiro).”

Que gelo corre nas veias desse coração, meu bom Rendeiro? Afinal, queres tu ajudar aqueles a quem lesaste na singela condição desses indivíduos não proporem acções contra a tua excelência, que és suspeito de ilícitos criminais, como fraude fiscal, falsificação de contabilidade e branqueamento de capitais? E auxilias então esses clientes lesados em acções contra o Estado – essas bestas, esses idiotas que não fizeram o seu trabalho e que não detectaram as tuas falcatruas e aldrabices? Essas bestas que não lhe impediram de lesares os teus clientes? Mas este País endoideceu? E estes clientes esquecem-se por acaso de quem os lesou nos seus direitos? Mas será que esses clientes estão cientes de que, regra geral, as acções são propostas contra o lesante?

1 comentário:

M. Pompadour disse...

Isto parece-me lindamente.lol
E para tal conto a história de alg que eu conheço que, tendo a carta há pouco tempo (e não me lembro se teria na altura o braço partido) entrou com a 4L da sua mãe pela rua de casa a dentro e fazendo um pião à porta estaciona a viatura...a mãe, que estava no jardim a regar as plantas olhou para ele com cara de poucos amigos e o safado, com a maior das descontracções e a brusquidão do nervosismo olhou para a progenitora respondendo "Q'É QUE FOI?FOI SEM Q'RER!" x)
A vida é assim que funciona meus amigos. lol