A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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terça-feira, 6 de abril de 2010

Paris, je t’aime - mas mais aos fins-de-semana


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pessoinhas neste mundo que só estão bem com o mal dos outros! Pois queira o leitor acreditar, que há gente no nosso país, que movida por sentimentos de pura e azeda inveja atacam uma senhora deputada do partido socialista por querer subsídio de transporte.
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Esta questão conheceu a luz do dia nas últimas semanas e tem vindo a animar o circo político da nossa terriola:
Inês de Medeiros, deputada independente eleita pelo partido socialista pelo círculo de Lisboa, reclama para si o direito de ter os transportes pagos, do Parlamento a sua casa. A história não seria nada de mais caso a excelsa deputada da Nação não pretendesse que o erário público lhe pagasse viagens semanais a Paris, onde gosta de passar os seus fins-de-semana.
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Esta pretensão chocou com deputados mais mesquinhos e avarentos que quiseram bloquear o subsídio de transporte da Sra. Deputada, a qual, quando confrontada com esta atitude teve um rasgo de brilhantismo que ficará para a história da oratória parlamentar, ao afirmar “Eu é que não as pago!”
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Brilhante! Que condecorem já a Sra. Deputada! Quanto mérito, quanto valor… Pois vivemos nuns tempos em que o comum dos portugueses se queixa da linguagem fechada dos políticos, das falácias, das artimanhas retóricas? Está aqui a prova que ainda há deputados que falam claro ao eleitorado: “Eu é que não as pago!” Até uma criança de 4 anos percebe isto…
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Esta metade d’ Opinador mantém nos seus registos inquisitoriais um historial das declarações dos deputados para perceber quem mostra trabalho e quem nada faz. E nesses nossos registos, já o nome da Sra. Deputada Inês de Medeiros estava posto de lado, como tendo em poucos meses cumprido o seu dever de quatro anos – tal deveu-se ao relevantíssimo serviço que prestou a Portugal e à estabilidade governativa ao afirmar que “Se Sócrates mentiu, nem acho que seja muito grave.” Genial! Fabuloso! Soberbo!
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É muito triste que haja deputados da nação tão desligados da realidade. Num país em que o salário mínimo é inferior a € 500, onde existe mais de meio milhão de desempregados, com uma economia paralisada, com uma carga fiscal absurda, já não tendo o Estado dinheiro sequer para uma tanga, a senhora deputada eleita por Lisboa que reside em Paris (percebeu? Nós também não) exige que lhe paguem as deslocações semanais à capital francesa…
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Gostaríamos que a Senhora Deputada fizesse um exame de consciêcia – considera mesmo que a sua contribuição no Parlamento é assim tão importante e frutuosa que justifique tal encargo à Nação? Ou será Vossa Excelência um excelentíssimo empecilho para as contas públicas e para a credibilidade cada vez mais diminuída da nossa Assembleia da nossa cada vez mais diminuída república?
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Nas Faculdades de Direito, no primeiro ano do curso, repete-se uma velha máxima de Ulpianus, jurista romano, autoridade de milénios: “Iuris praecepta sunt haec: honeste vivere alterum non laedere, suum cuique tribuere”. Isto em português e numa tradução nossa quer dizer que existem três princípios no Direito – viver honestamente, não prejudicar terceiros e atribuir a cada um o que é o seu.
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Ora os membros do Órgão nacional por excelência criador de Direito deveriam a nosso ver ser os primeiros a respeitar aquela máxima – o que no caso não ocorre... Senhora Deputada não nos prejudique, pague os seus passeios; Senhora Deputada atribua aos lisboetas um deputado que viva efectivamente em Lisboa e possa compreender as necessidades do seu eleitorado – demita-se!
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A quem por aí diz que teriam garantido à Sra. Inês de Medeiros o pagamento das suas viagens antes da eleição respondemos por duas vias: primeiro, isso nada invalida o desvalor da conduta da Sra. Deputada para com o seu país; segundo e, ó ironia das ironias, senhora deputada da Nação a esse Órgão vomitador de legislação – a ignorância da lei não aproveita – ignorantia juris neminem excusat!
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Se o PS quer ter nas suas listas deputados cosmopolitas, o Opinador sugere que para uma próxima vez os inclua nos círculos da emigração.
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Aos nossos amigos leitores continuamos a dizer – cuidado em quem votam... Pensem bem no que vão fazer e vejam que estão a eleger. Não se esqueçam destes aparentes promenores que nos revelam o verdadeiro carácter das pessoas...

1 comentário:

M. Pompadour disse...

LOL Soberbo...! Uma melher já não pode pensar em fazer as compras à vontade que quando se apercebe tem uma nação inteira a cair-lhe em cima (ou se calhar é só o Lord Nelson). xD

Depois num tête-a-tête (repara na oportunidade da expressão) evidenciarei as minhas tiradas predilectas. x)