Tínhamos pensado não fazer um post sobre uma eleição, cuja existência discutimos. No entanto, a realidade impeliu-nos e lá vai disto:
A campanha eleitoral portuguesa a que assistimos demonstra a falência da república portuguesa.
Na preocupação, diga-se compreensível, de assegurar a eleição, os candidatos alimentam ou gastam tempo a refutar acusações sobre aplicações financeiras, rendas pagas em dinheiro ou textos publicitários, que esvazia toda a discussão útil sobre os concretos problemas do país e as eventuais soluções.
Assim uma das alegadas virtudes do sistema republicano, ou inexiste de todo, ou inexiste agora: as presidenciais não servem para reflectir sobre a organização política, não serve para o país se reinventar. Serve apenas para um animado lavar de roupa suja que em nada dignifica a república que tão contestada anda e serve para gastar rios de dinheiro.
As pessoas andam confusas se estão a votar para o BPN, para o BPP, para a AMI ou para o circo…
Com tantas discussões, mesmo que infundadas, sobre o passado político e privado dos candidatos, lançou-se uma sombra sobre a sua honestidade. A realidade torna evidente que aqueles jogadores não poderão ser árbitros.
Temos uma campanha eleitoral vazia de ideias, repleta de ataques. Tal agressividade de todas as partes acarretará uma consequência – a divisão dos cidadãos e, por via dela, muito dificilmente o próximo presidente, seja ele quem for, conseguirá ser o presidente de todos os portugueses.
E note-se um pormenor interessante nos candidatos da esquerda: numa eleição que se quer supra-partidária, um deles é indigitado pelo comité central do seu partido, vindo do anonimato para a ribalta, apenas por causa daquela deliberação – poderá este ser árbitro ou estará sempre condicionado por quem lhe deu o ser (mediático). O outro – que consegue a proeza de ter um pé no governo e um pé na oposição – clama contra aqueles que nos emprestam dinheiro (e amanhã tornamos a ir ao mercado pedir mais 20.000.000.000 de euros), dizendo que devem ter moral e preocuparem-se com os povos… Parece-nos a maneira lógica de assegurar a continuação dos empréstimos a um spread decente. Pessoalmente, gosto que a pessoa a que empreste dinheiro, ainda antes de emprestar, me diga para ter calma e ser mais decente.
É impossível eleger um árbitro de entre os jogadores… A república é uma contradição nos seus próprios termos.
Aconselhamos o leitor a treinar a dobragem do seu voto em quatro e a praticar o xis pois com a crise que anda, caso se engane, não tem direito a segundo boletim.
Por fim, como sabemos que a Sodona Merkel lê o Opinador deixamos aqui este vídeo desse grande querido para ver se afastamos o FMI do futuro próximo!
Sodona Merkel, com um líder destes estamos em bom caminho! Não se preocupe…
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