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domingo, 9 de janeiro de 2011

Felicidade divina

Ano novo, vida nova! Todos nós que, às doze badaladas, comemos uvas passas, uma por cada badalada, uma por cada desejo formulado para este novo ano, decerto pedimos, à primeira ou segunda uva passa: "Quero ser feliz!". Mas o que é a felicidade?

A definição não se vislumbra fácil, embora o possa parecer. Como a Marquesa é crente em várias coisas, estudos científicos incluídos, não posso deixar passar incólume mais um estudo científico divulgado esta semana a propósito da felicidade. Os investigadores buscam incessantemente a descoberta daquilo que tornaria o Homem permanentemente feliz, já que este parece ser o fim principal de toda a existência humana. Assim, segundo os neurocientistas, temos uma natural tendência para sermos felizes. Todavia, a felicidade não é um conceito unitário, antes possuindo diversos níveis: existe a felicidade do instante, aquela que está associada à nossa participação na sociedade, à ocupação profissional e até a concernente à nossa relação com Deus. E, segundo os mesmos estudiosos, para sermos felizes, precisamos de, pelo menos (pelo menos, notem bem!) de saúde, algum prazer, noção de paz e de dignidade humana, estabilidade familiar, amor, realização profissional, estatuto social, dinheiro, amigos, governo competente (esta, confesso, fez-me dar as minhas tradicionais sonoras gargalhadas, vá-se lá saber porquê!) e ambição pessoal.

Neste estudo fala-se ainda acerca da relação entre a religião e a felicidade, colocando-se a seguinte questão: A religião traz a felicidade ou ela já se encontra no nosso cérebro? Estes cientistas comprovam que as diferentes formas de estabelecer relacionamentos com os conceitos de Deus, religião e Igreja activam também zonas do cérebro de modo desigual e confirmam a existência de um campo cerebral em particular que é activado de todas as vezes que se ora ou que questões religiosas se despoletam, mesmo aquando de meras conversas a esse respeito. Curiosamente, tal zona cerebral encontra-se associada às sensações de bem-estar, de tranquilidade e de paz interior.

A ligação ao divino está intimamente conexionada com o modo como o ser humano se relaciona com a vida e com o fim último da sua existência. No entanto, actualmente temos vindo a assistir a um infeliz afastamento da sociedade europeia face à religião o que, por sua vez, conduz a um esquecimento da importante noção de felicidade que o Catolicismo propõe. Isto pode explicar, em parte, a presente conjuntura económico-financeira, porquanto esta possui indubitavelmente no seu cerne uma gravíssima crise de valores onde honestidade, humildade e solidariedade são conceitos esquecidos e significantes parcos de conteúdo. Hoje, a felicidade não é rainha.

Neste ano que ora se inicia, estejamos atentos ao que verdadeiramente nos fará felizes. Porque, com as devidas adaptações, como alguém sabiamente diria: "O que nos conduz à felicidade é invisível aos olhos!".

Feliz Ano!

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