A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

As Presidenciais no Portugal de 2011



Após o anúncio dos resultados eleitorais, sentamo-nos com um papel e um lápis, fizemos cálculos básicos (regra de três simples) e chegamos às seguintes conclusões:

Cavaco Silva foi eleito presidente com menos de 2.500.000 votos, o que equivale a dizer que mereceu as preferências de 23,16% dos eleitores.

Num outro sentido, 277.712 cidadãos deram-se ao trabalho de ir votar nulo ou branco. Estes, somados com os 5.139.483 abstencionistas (que não quiseram votar ou quiseram e não puderam e, entre burocracias, desistiram) e com os 189.351 votos do candidato Coelho (epifenómeno que agrega essencialmente os votos de protesto) dá um total de 5.606.546 eleitores que não se sentiram representados em nenhuma candidatura minimamente credível.
Ora 58,22% dos eleitores foram pois indiferentes à possibilidade de eleição do chefe de Estado – ou não votaram, ou votaram em branco ou votaram em protesto. Não vamos aproveitar os dados para fazer propaganda monárquica – deixámos apenas à consideração do leitor este facto: 58,22% dos portugueses não se interessaram por esta eleição. Todos os números avançados podem ser conferidos aqui, ou então resultam de cálculos efectuados tendo por base a informação que ali consta.

Quanto à noite eleitoral, como estas eleições tiveram lugar em Portugal todos saíram vitoriosos… Não houve derrotas para ninguém. Vejamos então:
Cavaco ganhou porque foi o mais votado.

Nobre dizia, dias antes da campanha e olhando olhos nos olhos a Alegre, que apenas um tiro na cabeça o impediria de chegar à 2ª volta. Ele não chegou à 2ª volta, nem levou um tiro na cabeça, mas afirmou que a candidatura dele era a vencedora.

Francisco Lopes saiu vencedor porque, um candidato do PCP nunca perde! O povo não cai, o povo não perde!

Alegre, apesar de ter perdido, acaba por não perder dado que, segundo o próprio, começa a sua vida política todos os dias. (Um dos seus apoiantes bloquistas – Louçã – afirmou que a direita já estava a afiar as facas para tomar o poder… E isto é inconcebível! Partidos políticos que queiram tomar o poder? Típica ignorância burguesa…)

Defensor Moura não entrou para ganhar (disse o próprio), introduziu o tema BPN e não congratulou o vencedor… Cumpriu assim o seu objectivo de chatear Cavaco, saindo pois vitorioso neste aspecto e no global, até porque não tinha mais nenhum objectivo.

Mas o único que venceu de facto Cavaco, em 3 concelhos da Madeira, foi José Manuel Coelho… O candidato que não foi a debates! E que derrotou João Jardim nalgumas urnas! Este candidato, sem partido nem movimentos conseguiu quase 5% da totalidade dos votos e ganhou um futuro político na Madeira.

Para o final deste post fica uma crítica ao recém-eleito presidente: um discurso de vitória que serve apenas finalidades de vendetta, mesmo que eventualmente justificada, não serve para unir os portugueses e só prova uma coisa – após a eleição de um árbitro de entre os jogadores, aquele não é o árbitro de todos: nem os adversários o vêm como isento, nem ele vê os adversários como iguais aos apoiantes…

De realçar o bom discurso de Pedro Passos Coelho – o presidente do PSD não se aproveitou da vitória do candidato por si apoiado para fins próprios. As presidenciais não servem para avaliar o Governo, isso é verdade e ele não caiu em tentação. Mostrou integridade!

O post já vai longo e ainda pretendíamos falar da monumental trapalhada com os números de eleitor e, em especial, das declarações bestiais (de besta) do porta-voz da CNE. Mas, para não maçarmos o leitor, tais considerações ficarão, para quinta-feira.



Sem comentários: