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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Paz?



O território do Sudão, com o Sudão do Sul a laranja


O início de 2011 traz uma notícia animadora para o mundo – o conflito no sul do Sudão pode vir a ser resolvido, depois de 20 anos de guerra e de mais de dois milhões de mortos.
De 09 a 15 de Janeiro o Sudão do Sul vai às urnas e terá que optar pela secessão ou por continuar a fazer parte do maior Estado africano, isto no cumprimento do acordado no Tratado de Naivasha assinado em 2005, o qual conseguiu um cessar-fogo entre o Exército Popular de Libertação do Sudão e o Governo.

Mas em tudo há um grande risco – apesar de recentemente o presidente do Sudão, Al-Bashir ter prometido que iria respeitar o resultado do referendo, isso não é certo. Desde logo porque Al-Bashir é conhecido por muita coisa (desvio de fundos públicos, homicídios, genocídio, por ter um mandado de captura pendente no Tribunal Penal Internacional) mas não por ser um democrata… Há ainda que referir que o Sul do Sudão tem importantes jazidas de petróleo que podem condicionar todo o processo – como se viu com a província de Abyei que não vai a votos… E aqui pode estar o argumento para um futuro conflito territorial sul-norte.
Mas o respeito do Norte pelo referendo é apenas o primeiro passo para o fim do conflito. Ao tornar-se independente, o Sul do Sudão terá uma tarefa hercúlea pela frente: sem infra-estruturas, sem uma elite que dirija os assuntos públicos, sem instituições sólidas, podemos assistir a um estado fracassado. Se o Norte não respeitar, será a guerra generalizada: desde logo o Sul a lutar novamente pela sua independência, o Darfur com o seu conflito incessante, e os rebeldes no este do país…

Com a eventual independência do sul, o martirizado Darfur fica numa situação ainda mais confusa: poderá ver o sul integrado no novo Estado, com o norte e o centro ainda presos ao Sudão, lutando pela autonomia de um Estado (e presidente, convém individualizar os culpados) que armou as milícias muçulmanas com a finalidade de matar as tribos cristãs, numa limpeza étnica imensa que bem demonstrou a inutilidade de uma ONU configurada com um Conselho de Segurança todo-poderoso, que possa vetar tudo.

Mas pode ser que seja o princípio do fim para Al-Bashir e para o Sudão enquanto Estado aglutinador de inúmeros grupos étnicos com diferentes línguas e religiões.

Será que em 2011 nascerá um novo Estado em África? Estamos muito em crer que sim, isto se o Sudão reconhecer e respeitar a vontade da população do sul no referendo. Mas vamos a ver… Se tudo correr bem no Sul, o Sudão fragmentar-se-á: será que Cartum está preparada para largar o Império?

N’ Opinador estaremos atentos e expectantes por uma paz decisiva!

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