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sábado, 8 de janeiro de 2011

Alemanha e França pressionam Portugal a pedir ajuda

Ao que parece, os especialistas andavam parcialmente equivocados: o pedido de auxílio de Portugal ao Fundo de Estabilização Europeu (FEEF) irá, efectivamente, consumar-se, mas não depois dos primeiros três meses do ano.

Segundo noticia, a Der Spiegel, Alemanha e França pressionam Portugal para efectuar o seu pedido de adesão ao FEEF, com o objectivo de evitar que o contágio português se alastre à dívida pública espanhola. Não acreditamos que haja, ainda, verdadeiras pressões no sentido literal da palavra, mas tão só telefonemas relembrando a Lisboa que o FEEF verdadeiramente existe e está ali à disposição do Governo Português, sem no entanto, o instar a recorrer ao Fundo.

Alemanha e França, no entanto, parece-nos que apenas estão a adiantar aquilo que parece cada vez mais inevitável, tentando impedir a escalada dos juros espanhóis, agindo preventivamente.
A verdade é que Portugal irá na próxima semana aos mercados financiar entre 750.000milhões e 1250.000milhões de dívida pública a 4 e a 10 anos, quando o seu juro a 10 anos é de, aproximadamente, 7,3% - uma taxa verdadeiramente insuportável. Ora, Portugal não pode aguardar por toda a operação de colocação de dívida que vai efectuar nos três primeiros meses do ano e só depois considerar as condições de financiamento para o restante; até porque o montante a financiar é demasiado elevado: quase 9.000 milhões de euros. Ou seja, as primeiras emissões de dívida são fundamentais – ou o juro a pagar é acessível ou não há outra opção a não ser recorrer ao FEEF. Realizar operações de colocação de dívida deste montante a 7% é hipotecar o nosso futuro. Por isso, a menos que uma nova decisão a nível europeu surja entretanto – e aqui falamos das Eurobonds -, Portugal não irá conseguir resolver os seus problemas por si porque não consegue obter no mercado de dívida taxas de juro sustentáveis para se financiar. Mesmo que para tal proceda a uma operação de venda directa de títulos da dívida, como se noticia que irá fazer na próxima quarta-feira, vendendo os títulos à China e ao Brasil. É que então, a pressão da Alemanha e da França não será leve no sentido de evitar que a subida dos juros portugueses acarrete a subida dos juros espanhóis. É assim que aparece o FMI com todas as consequências nefastas que resultam da sua intervenção, mas com uma vantagem de que Portugal cada vez mais necessita: financiamento a taxas de juro sustentáveis. Obviamente que tal implicará uma nova vaga de austeridade, com a implementação de medidas mais duras, de reformas mais exigentes, mas caso Portugal não inverta rapidamente a tendência da escalada dos juros, o caminho é inevitável.

E percebemos claramente que os indicadores macroeconómicos positivos evidenciados pelo País já não são suficientes para acalmar os mercados. Mesmo sendo o crescimento sendo o dobro do previsto para este ano e com o anúncio do cumprimento da meta de redução do défice para 7,3% em 2010, os juros da dívida pública não descem. Isto apenas significa uma coisa: é que para que a tendência se inverta, alguma notícia positiva terá de ser dada por Bruxelas e não por Portugal pois os indicadores portugueses já de pouco servem para os mercados. E essa notícia parece pouco provável face à intransigência alemã perante as Eurobonds.

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