A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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quarta-feira, 24 de março de 2010

Greve às Greves


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Ontem assistimos a uma greve que não percebemos. Com efeito, os trabalhadores da CP aborrecidos com a ausência de aumentos salariais decidiram fazer greve. Até aqui tudo bem – se não ligarmos ao facto de que vivemos num país com meio milhão de desempregados, que esta greve afecta sobretudo quem não tem nada que ver com isto e que a crise quando aperta deveria ser para todos. Mas depois pensámos: quem define os aumentos salariais dos trabalhadores da CP não é a CP… É o Estado! E aqueles senhores grevistas decidem pressionar a CP para fazer aumentos que não tem competência para fazer… Nós humildemente afirmamos que não conseguimos perceber isto.
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Também não conseguimos perceber a posição dos pilotos da TAP que num momento tão bom como o que vivemos ameaçam com greve (de uma semana!) caso não vejam satisfeita a sua exigência de aumentos de 9%. O Opinador ainda não conseguiu apurar se se trata de uma verdadeira exigência ou se é alguma experiência de humor new age. Nós que na direita somos muito sisudos e não nos sabemos rir responderíamos com duas palavras a estes senhores. Não, não seria um “desculpem lá”, mas antes “requisição civil”. Ide lá brincar para vossas casas que com empresas estratégicas não brincam.
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O direito à greve foi sem dúvida importante durante a revolução industrial pois permitia reagir de forma célere e eficaz contra situações de verdadeira injustiça e cupidez dos empresários que obrigavam crianças a trabalhar mais de dez horas por dia ou que não garantiam as condições necessárias de saúde e segurança aos seus trabalhadores, isto entre muitos outros problemas.
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No entanto, em pleno século XXI, correndo o risco de nos chamarem reaccionários a nós que segundo alguns somos pelo mal, julgamos chegada a hora de re-equacionar o direito à greve. Como tal, cremos que este direito deveria conhecer novas limitações, desde logo sendo proibido aos funcionários públicos e trabalhadores de empresas participadas pelo Estado. Também deveriam existir limitações ao tempo de greve permitido bem como – e aqui vamos, já o sabemos, muito longe – uma agência governamental que fiscalizasse o exercício deste direito, não só através de critérios de legalidade mas também de oportunidade.
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O recurso à greve, nos últimos tempos tem conhecido um incremento sendo usado como arma de pressão política ilegítima mais do que como forma de assegurar o direito ao trabalho (anda sempre tudo mais preocupado com o direito à remuneração). Não se justifica a manutenção deste status quo e uma revisão do nosso ordenamento jurídico nesta matéria seria uma boa medida, a começar, desde logo, pela Constituição. A economia nacional, o bem-estar das pessoas, o nosso tecido produtivo não podem estar dependentes de meia dúzia de sindicalistas encarnados. Isto não é democracia, mais parece é ditadura do proletariado!
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O amigo leitor antes de se enervar connosco por defendermos isto pense na quantidade de pessoas que ontem viram a sua vida desorganizada por causa da greve da CP. Quantos trabalhadores terão perdido o seu subsídio de assiduidade e quantas empresas terão tido quebras de produção por causa de uma birrice irresponsável e inconsequente?

Ж

E como o Dr. Carlos anda ocupado com outras lides temos a gerência deste espaço por nossa conta. Assim, visto estarmos sem entidade que regule as nossas baboseiras continua pois, ó leitor amigo, o fórróbódó! Desta vez, e a pedido de uma assídua leitora, contamos o mito da unha grande do dedo mínimo.

De notar que se trata de uma estória e não de História pois não temos suporte documental fidedigno que demonstre a ligação entre as duas realidades.

Tudo começou segundo parece com a aristocracia francesa nos tempos do Rei-Sol, Luís XIV. Aquela rígida e formal associação de pessoas julgando-se superior ao comum dos mortais foi desenvolvendo ao longo dos tempos uma série de rituais que nos parecem estranhos (aos olhos do século XXI) que iam desde o tocar o mínimo possível nos copos – já que os criados já lá tinham mexido – até à cerimónia de vestir o rei.
Pois bem, como naqueles tempos era de bom tom fazer pouca chinfrineira (o que até é capaz de ser agradável) surgiu o costume de deixar crescer a unha do dedo mínimo para bater às portas. Assim, em vez de um som pujante de um punho cerrado a bater em madeira sólida tínhamos o quase-silêncio de uma unha crescidita a fazer um tic-tic-tic numa qualquer porta, muito discretamente.
Tal instituição – a unha grande – foi alvo de imitação por parte das classes mais baixas (que almejam sempre alcançar aqueles que imitam) permitindo a tão nobre instituição sobreviver até aos nossos dias, nas mãos das mais variadas pessoas e com uma diversidade de usos que decerto fariam corar muitos daqueles pioneiros do tic-tic-tic.

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Amanhã voltará o Dr. Carlos e teremos de nos deixar destas coisas… Entre apoios a candidatos de direita, posts contra as greves e mitos sobre unhas teremos com certeza um raspanete. O leitor não se preocupe connosco que, caso não nos sejam revogados os privilégios de administrador, estaremos cá outra vez na sexta-feira, com um post mais sério pois já cá estará o Dr. Carlos!

1 comentário:

M. Pompadour disse...

xD Obrigada..
O Dr. Carlos precisa de descomprimir e este tipo de estórias só contribuem para o incremento cultural do cidadão. :)