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quinta-feira, 11 de março de 2010

Uma “Grande Entrevista”?


Ontem à noite, mesmo após o jantar, a Dra. Judite de Sousa deslocou-se até ao Palácio de Belém para entrevistar sua excelência o sr. presidente da república.
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Para esta entrevista o Opinador tinha grandes expectativas (até porque se tratava de uma “Grande Entrevista”). Ficamos decepcionados… Analisemos pois, ó leitor, assim en passant, os motivos da nossa desilusão:
Comecemos por aquilo que consideramos mais grave: na campanha eleitoral para as presidenciais, o agora sr. presidente prometeu cooperação estratégica. Muitos são os que dizem que ela não está de boa saúde – entre estatutos dos açores, escutas e e-mails marotos, estaria moribunda ou pelo menos enfermiça. Mas o presidente defende-se: orgulha-se de nunca ter vetado politicamente um diploma do governo (até aqui tudo bem) nem nunca o ter mandado para o Tribunal Constitucional – e aqui entornou-se o caldo. Passamos a explicar porque o caldo se entornou: pois então das duas uma, ou o governo nunca em artigo nenhum, dos milhentos diplomas que saem por ano, beliscou uma norma constitucional (coisa nunca vista) ou então, o presidente da república não honrou a promessa que fez de “cumprir e fazer cumprir a constituição”. A lealdade do presidente deve passar primeiramente por ela. Só depois devem vir os posicionamentos políticos… Parece-nos que anda aqui alguém com as prioridades trocadas!
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Depois também nos entristeceu o esclarecimento pouco esclarecedor acerca da bela história dos computadores da presidência e da plantação de notícias em jornais (cultura que em Portugal se dá bem). Disse apenas que era pela verdade e pediu aos portugueses para visitar o site da presidência. Será que isto é uma tentativa para aumentar o número de visitantes para por lá publicidade e ganhar uns trocos para tapar o deficit? Esta tinha sido uma oportunidade de ouro para fazer explicar aos portugueses o assunto, agora que já passou tempo suficiente para ponderar a questão.
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Ainda há que referir que um académico da área da economia – que é o presidente – não quis considerar como aumento de impostos um aumento de impostos. Isto não engana ninguém e alinhar-se às inverdades do executivo só fica mal.
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Por fim, para quem não queria imiscuir-se na vida partidária, as suas declarações acerca da estabilidade governativa constituíram uma incursão frontal no debate interno do PSD, demarcando-se sua excelência de um dos candidatos (in casu, Pedro Passos Coelho).
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Concluímos pois esta nossa análise. Esta entrevista de grande só teve o tempo – quase uma hora! Nós que apoiamos a candidatura do Prof. Dr. Cavaco à presidência em 2006, terminamos afirmando que não nos interessam os tabus do sr. presidente – independentemente do que se venha a passar, sua excelência não contará com o nosso voto outra vez. À primeira caem todos, à segunda cai quem quer! Portanto, tanto se nos dá como se nos deu que se candidate ou se deixe de candidatar. No entanto, desejamos-lhe um bom tabu!

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