A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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sexta-feira, 5 de março de 2010

On Strike!


Hoje foi dia de mais uma greve geral da função pública. Os portugueses vão ficando acostumados com este instrumento de “luta” dos “trabalhadores” que tanto transtorno causa à vida do comum dos cidadãos. Mas não é por estar a ficar comum que devemos ter este assunto como um ponto assente. Antes pelo contrário.
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Relativamente a esta concreta greve da função pública – que terá tido uma adesão de 13% segundo o governo e de 80% segundo a frente comum (a verdade estará algures no meio) – ela é de todo descabida. Antes de mais porque as negociações ainda não tinham terminado e também porque num momento de crise económica e social, com centenas de milhares de desempregados e a taxa de emigração a aumentar, os funcionários públicos, egoisticamente paralisam grande parte dos serviços públicos para criticar a falta de aumento salarial nos seus postos de trabalho seguros e para criticar a progressão nas carreiras onde quase nem são avaliados (pelo menos quando comparados com o sector privado). Tal é a nosso ver inaceitável e acompanhamos as críticas do executivo.
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Relativamente a qualquer greve da função pública – somos frontalmente contra. A greve é um direito dos trabalhadores, sem dúvida. Mas não deve ser usada pelos servidores da causa pública para se virarem contra a coisa pública.
Estes têm um dever ético de cooperar e servir os seus outros concidadãos – aqueles que trabalham no sector privado – que são quem efectivamente cria a riqueza do país, que depois o Estado sorve com os seus impostos para pagar aos seus funcionários. Se passamos por uma fase de redução da riqueza, não estarão os funcionários públicos a subverter a equação, querendo mais de quem agora tem menos? O que parece é que a função pública está a criar um espírito corporativo para, em vez de servir os seus concidadãos, se servir deles. Houvesse um pouco mais de decência e num pais com quase meio milhão de desempregados e muitos mais em situação de trabalho precário, estes “privilegiados” estariam muito agradecidos por terem uma estabilidade que nos privados nunca existirá.
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Tomamos a greve da função pública como um direito intocável. Já admitimos greve por parte dos juízes… Não tarda, temos a tropa a fazer greve (e aí é que vamos dar o golpe!).
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Uma pergunta final: este executivo resulta de uma Assembleia recentemente eleita e dificilmente as suas medidas surpreendem os portugueses visto este primeiro-ministro já lá estar no seu segundo mandato. Quantos dos que hoje fizeram greve terão votado PS nas legislativas? E porque não aproveitaram a forma mais democrática que há – o voto – para canalizar os seus sentimentos? Preferem ficar em casa a bocejar? Talvez prefiram…

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