No início da semana anterior, o Estado apresentado sob a forma de vaca leiteira, minguava de leite. O ordenhador nacional da vaca leiteira, Teixeira dos Santos, apresentou ao País o PEC e, pesarosamente, declarou que a teta estadual está tísica e seca e é, portanto, necessário que se alimente a vaca para que ela volte a crescer, robusta e viçosa, para que volte a dar leite. Ou seja, é necessário um aumento de impostos - não sob a forma de aumento do IRS, do IRC ou do IVA, mas com a eliminação de certos benefícios fiscais, o que equivale na prática, independentemente da semântica, a um aumento real de impostos -, de privatizações, de congelamento do salário dos funcionários públicos, entre outras medidas de contenção.
Já no final da semana, por altura da votação final global do Estado, a Oposição apurou que a maminha estadual inchara repentinamente e que era, afinal possível, ordenhar a vaquinha e dela obter umas gotinhas de leite. E para quem vão essas gotinhas de leite? Para quem vai esse precioso dinheiro extra? Para que extraordinária massa produtiva e dinâmica de proletariado vai o contributo do Estado? Para os Presidentes de Junta – para os caciques locais; para aquela massa de indivíduos composta ora pelo agricultor que abandona a sua junta de bois para se dedicar à coisa pública, ora pelo licenciado engravatado que se desloca à Junta no final do seu dia de trabalho (geralmente semanalmente), para picar o ponto sob a forma de assinatura nuns quantos papéis e nisto reside o seu dedicado esforço do seu trabalho.
O PCP que, anteriormente já havia apresentado uma proposta de cariz semelhante, propôs a inscrição no OE2010 de 5.145.000 euros para "satisfação das remunerações e dos encargos dos presidentes de junta que tenham optado pelo regime de permanência, a tempo inteiro ou meio tempo, deduzidos dos montantes relativos à compensação mensal para encargos a que os mesmos eleitos teriam direito se tivessem permanecido em regime de não permanência”. Achamos curioso que agora os Presidentes de Junta façam parte do proletariado que os comunistas tanto gostam de defender. De facto, temos alguma dificuldade em encontrar o capitalista que com a sua cartola e a sua bengala, a aplique, humilhantemente, nas costas do Presidente de Junta, explorando-o desta forma tão vil.
Contudo, mais dificuldade temos em entender como a restante Oposição se aliou a esta proposta idiota e a inscreveu, efectivamente, no Orçamento. São, aproximadamente, 5 milhões de euros. Poderiam ser uma maior ou menor quantia – é indiferente. O que importa é a mensagem que se passa através da aprovação desta medida.
A máxima escolhida por Teixeira dos Santos para comentar a aprovação da medida (“Money for the boys”) é, de facto, infeliz. Os Presidentes de Junta, não obstante os defeitos que vêm sendo apontados ao poder local, como o caciquismo, são eleitos democraticamente pelos seus eleitores – logo não são boys estrategicamente colocados pelos vastos prados do Estado. Apesar da regeneração que o poder local constitui na vida democrática pós-25 de Abril, e da sua actual crise, tal não serve de desculpa para a afirmação de Teixeira dos Santos.
Mas tal facto não retira e expurga a imbecilidade da aprovação da medida. Senão vejamos:
O Presidente que for eleito para uma freguesia com menos de 5 mil habitantes a módica quantia que poderá ganhar é de, aproximadamente, 1100 euros, caso opte por desempenhar o seu cargo em regime de permanência – não incluindo despesas de representação e outras. Esta quantia é o mínimo que um qualquer Presidente de Junta irá receber. Uma freguesia com menos de 5 mil habitantes, convenhamos, caro leitor, é uma parvalheira. E, caro leitor, é uma parvalheira porque falamos com conhecimento de causa. Não residimos numa freguesia com menos de 5 mil habitantes, mas pouco mais. Que faz o Presidente de Junta? Treina a sua assinatura, coça os joelhos, assobia para o ar, cabeceia, ronca, volta a coçar os joelhos e, por fim, volta a fazer uns rabiscos no papel. E tudo isto pela módica quantia de 1100 euros.
O PS, com a intenção de reduzir o défice público propõe a instalação de portagens nas SCUT, a contenção dos salários na função pública, uma limitação nas prestações sociais, nomeadamente a redução da duração do subsídio de desemprego, a eliminação de benefícios fiscais que irão afectar milhões de portugueses, etc. Em suma, cada português terá de pagar mais 266 euros de impostos por ano para pagar o défice. E a Oposição reúne-se para aprovar uma medida que aumenta o salário dos Presidentes de Junta? Qual é a moralidade de um Parlamento que pede ao País sacrifícios e que, simultaneamente, aprova medidas deste tipo?
Na Irlanda, o Governo reduziu o salário dos seus Ministros em 20%. E Portugal que faz? Aumenta o salário dos Presidentes de Junta. E o Pais fica indignado com a afirmação de Teixeira dos Santos e não se indigna com a larápia que lhe é feita?
A manjedoura estadual continua, pelos vistos, com alguns resquícios de feno para alimentar algumas bocas.
Já no final da semana, por altura da votação final global do Estado, a Oposição apurou que a maminha estadual inchara repentinamente e que era, afinal possível, ordenhar a vaquinha e dela obter umas gotinhas de leite. E para quem vão essas gotinhas de leite? Para quem vai esse precioso dinheiro extra? Para que extraordinária massa produtiva e dinâmica de proletariado vai o contributo do Estado? Para os Presidentes de Junta – para os caciques locais; para aquela massa de indivíduos composta ora pelo agricultor que abandona a sua junta de bois para se dedicar à coisa pública, ora pelo licenciado engravatado que se desloca à Junta no final do seu dia de trabalho (geralmente semanalmente), para picar o ponto sob a forma de assinatura nuns quantos papéis e nisto reside o seu dedicado esforço do seu trabalho.
O PCP que, anteriormente já havia apresentado uma proposta de cariz semelhante, propôs a inscrição no OE2010 de 5.145.000 euros para "satisfação das remunerações e dos encargos dos presidentes de junta que tenham optado pelo regime de permanência, a tempo inteiro ou meio tempo, deduzidos dos montantes relativos à compensação mensal para encargos a que os mesmos eleitos teriam direito se tivessem permanecido em regime de não permanência”. Achamos curioso que agora os Presidentes de Junta façam parte do proletariado que os comunistas tanto gostam de defender. De facto, temos alguma dificuldade em encontrar o capitalista que com a sua cartola e a sua bengala, a aplique, humilhantemente, nas costas do Presidente de Junta, explorando-o desta forma tão vil.
Contudo, mais dificuldade temos em entender como a restante Oposição se aliou a esta proposta idiota e a inscreveu, efectivamente, no Orçamento. São, aproximadamente, 5 milhões de euros. Poderiam ser uma maior ou menor quantia – é indiferente. O que importa é a mensagem que se passa através da aprovação desta medida.
A máxima escolhida por Teixeira dos Santos para comentar a aprovação da medida (“Money for the boys”) é, de facto, infeliz. Os Presidentes de Junta, não obstante os defeitos que vêm sendo apontados ao poder local, como o caciquismo, são eleitos democraticamente pelos seus eleitores – logo não são boys estrategicamente colocados pelos vastos prados do Estado. Apesar da regeneração que o poder local constitui na vida democrática pós-25 de Abril, e da sua actual crise, tal não serve de desculpa para a afirmação de Teixeira dos Santos.
Mas tal facto não retira e expurga a imbecilidade da aprovação da medida. Senão vejamos:
O Presidente que for eleito para uma freguesia com menos de 5 mil habitantes a módica quantia que poderá ganhar é de, aproximadamente, 1100 euros, caso opte por desempenhar o seu cargo em regime de permanência – não incluindo despesas de representação e outras. Esta quantia é o mínimo que um qualquer Presidente de Junta irá receber. Uma freguesia com menos de 5 mil habitantes, convenhamos, caro leitor, é uma parvalheira. E, caro leitor, é uma parvalheira porque falamos com conhecimento de causa. Não residimos numa freguesia com menos de 5 mil habitantes, mas pouco mais. Que faz o Presidente de Junta? Treina a sua assinatura, coça os joelhos, assobia para o ar, cabeceia, ronca, volta a coçar os joelhos e, por fim, volta a fazer uns rabiscos no papel. E tudo isto pela módica quantia de 1100 euros.
O PS, com a intenção de reduzir o défice público propõe a instalação de portagens nas SCUT, a contenção dos salários na função pública, uma limitação nas prestações sociais, nomeadamente a redução da duração do subsídio de desemprego, a eliminação de benefícios fiscais que irão afectar milhões de portugueses, etc. Em suma, cada português terá de pagar mais 266 euros de impostos por ano para pagar o défice. E a Oposição reúne-se para aprovar uma medida que aumenta o salário dos Presidentes de Junta? Qual é a moralidade de um Parlamento que pede ao País sacrifícios e que, simultaneamente, aprova medidas deste tipo?
Na Irlanda, o Governo reduziu o salário dos seus Ministros em 20%. E Portugal que faz? Aumenta o salário dos Presidentes de Junta. E o Pais fica indignado com a afirmação de Teixeira dos Santos e não se indigna com a larápia que lhe é feita?
A manjedoura estadual continua, pelos vistos, com alguns resquícios de feno para alimentar algumas bocas.
1 comentário:
Ora bem... Caro colega, você está redondamente enganado quanto às palavras que profere, e tenho dito. Tudo porque, caso esta seja um realidade que desconhece, existem variadíssimos distritos do interior do nosso país que estão completamente votados ao esquecimento e que vão sobrevivendo muito à custa desses agricultores que largam a enxada para se dedicarem a olhar pelos seus conterrâneos, quando do Orçamento de Estado nem um cêntimo existe para fazer crescer a sua terrinha triste e abandonada. Toda a regra tem a sua excepção e concordo consigo quando se revolta contra a falta de iniciativa dos nossos governantes de dar o exemplo ao povo do que é "apertar o cinto", mas a verdade é que não são os nossos ministros (que deveriam ser os primeiros a reduzir as suas regalias e excentricidades), que se preocupam em manter o nível de vida das populações esquecidas do nosso Portugal ou em promover a regeneração do interior.
Os presidentes das juntas podem ser velhos, ultrapassados ou jovens eloquentes a passear a sua pasta pelas origens, mas são eles que andam aqui todos os dias a chatear-nos para compormos as estradas para os seus vizinhos poderem conduzir os seus papa-reformas tranquilamente ou para tratarmos dos postes de iluminação e sinalizações vandalizadas.
À espera que o nosso governo estivesse atento a essas coisas coitadinhos dos nossos cidadãos.
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